O que é (definição) e origem
O Pontilhismo é uma técnica de pintura surgida em meados dos anos de 1880 que tem como princípio a aplicação de tinta em pontos de cor pura colocados uns ao lado dos outros sem que se misturem. A aplicação desses pontos deve ser feita de modo que sua combinação, a certa distância, traduza a imagem desejada pelo artista.
O termo “pintura de pontos” (peinture au point) foi estabelecido pelo crítico de arte francês Félix Fénéon (1861-1944), ao se referir à tela do pintor Georges Seurat (1859-1891), Um Domingo de Verão na Grande Jatte (1886). Seurat é considerado um dos precursores do movimento e um de seus principais representantes. O pontilhismo também é conhecido por “divisionismo” e “cromoluminismo”.
As principais características do Pontilhismo são:
• Essa técnica de pintura, além dos pontos de cor pura, era bastante fiel a um programa teórico apoiado nos avanços científicos da época.
• A combinação de cores para o estabelecimento de contrastes (princípio baseado nas descobertas do químico francês Michel Eugène Chevreuil [1786-1889], segundo o qual escolher os tons errados das cores adjacentes a um determinado ponto diminui seu brilho. As justaposições corretas, todavia, melhoram mutuamente cada componente e produzem resultados surpreendentes);
• A técnica meticulosa e precisa, ao contrário da pintura espontânea e fluida propalada pelo movimento artístico anterior (impressionismo);
• O uso de tinta a óleo em detrimento de outros materiais, por sua espessura e tendência a não escorrer.
• Traçando um paralelo com os dias de hoje, trata-se de um processo análogo ao de impressão CMYK de quatro cores, utilizado atualmente por algumas impressoras coloridas e/ou industriais, que coloca pontos de ciano (azul), magenta (vermelho), amarelo e preto uns ao lado dos outros, formando imagens definidas.
• O pontilhismo é uma técnica muito meticulosa e demorada. Requer muita paciência e precisão para aplicar cada ponto individualmente.
• O pontilhismo pode ser visto como uma reação contra o estilo de pintura mais espontâneo e solto dos impressionistas, representando uma abordagem mais científica e sistemática da pintura.
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Georges Seurat: pintor francês foi um dos principais representantes do Pontilhismo. |
Movimentos artísticos e artistas que utilizaram
O pontilhismo é um ramo do Impressionismo, movimento artístico do século XIX que rompe com o realismo e no qual a luz e o movimento são os principais elementos da pintura. É Georges Seurat quem transforma pela primeira vez a pincelada intuitiva do impressionismo em uma marca meticulosamente aplicada e regular. A partir da teoria científica das cores de Chevreuil, da qual estava a par, ele justapõe cores puras, produzindo uma luminosidade maior do que a até então conseguida, fundindo os tons no olhar do observador, e não na tela propriamente dita.
Os principais expoentes e seguidores das técnicas do pontilhismo foram: Jean-Antoine Watteau (1684-1721), Eugène Delacroix (1798-1863), Pierre-Auguste-Renoir (1841-1919), Camille Pissarro (1831-1903), Paul Signac (1963-1935) e Maximilien Luce (1858-1941). Este último já faz parte dos chamados neoimpressionistas, que utilizam apenas algumas técnicas do pontilhismo em suas obras. Outros pintores que também seguiram nessa linha são Vincent van Gogh (1853-1890), Paul Gauguin (1848-1903), Cruz Henri-Edmond (1856-1910), Henri Matisse (1869-1954) e Henri de Toulouse-Lautrec (1864-1901).
No Brasil, é possível pensar em ecos do Pontilhismo, cuja influência pode ser percebida nas obras de Eliseu Visconti (1866-1944) e Belmiro de Almeida (1858-1935).
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La Calanque (1906), obra de Paul Signac: exemplo do uso da técnica do pontilhismo na pintura artística. |
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Pintura Torre Eiffel (1889) de Seurat: outro exemplo de pintura com uso da técnica do pontilhismo. |
Atualizado em 16/06/2023
Sketchbook - Pontilhismo Brasil
Autor: Alabarce, Fábio
Editora: Pixel Arts Books
Fonte de referência do texto:
- FARTHING, Stephen e CORK, Richard. Tudo sobre Arte. São Paulo: Editora Sextante, 2018.