A Ditadura Militar na Venezuela

A ditatura venezuelana teve início com com a eleição de Hugo Chavéz em 1998 e dura até os dias de hoje.


Hugo Chavéz: o início da ditadura militar na Venezuela
Hugo Chavéz: o início da ditadura militar na Venezuela

 

Introdução

 

Podemos dizer que a ditadura venezuelana teve como ponto de partida a eleição de Hugo Chávez, em 1998, e início de seu governo, em 1999. A partir de então, os militares começaram a assumir postos importantes no governo. A democracia foi aos poucos sendo enfraquecida em nome do fortalecimento de um governo de esquerda centralizador e ditatorial.

 

Principais características do Governo Hugo Chávez (1999 a 2013)

 

• Implantação de medidas socialistas, através do que denominou Revolução Bolivariana. Essa seria, em teoria, uma versão moderna (do século XXI) do socialismo. Na prática, reproduziu muitas características do socialismo soviético do século XX. Ou seja, forte interferência política, centralização do poder, enfraquecimento de instituições democráticas e perseguição e prisão de opositores políticos.

 

• Combate ao neoliberalismo e desestruturação do capitalismo, que até então vigorava positivamente no país.

 

• Tomada de medidas contrárias à globalização econômica.

 

• Fortes críticas aos Estados Unidos, eleito pelo regime ditatorial venezuelano como sendo o “grande inimigo” da Venezuela.

 

• Implantação de sistema educacional de viés socialista com forte doutrinação ideológica.

 

• Desrespeito constitucional: mudanças constitucionais para fortalecer seu poder e até permanecer, como presidente, por mais de cinco anos, com a aprovação da reeleição.

 

• Adoção de medidas nacionalistas, sendo que muitas delas prejudicaram empresas estrangeiras que até então atuavam no país positivamente. Muitas destas empresas, em função da insegurança jurídica e perseguições, saíram da Venezuela, provocando assim o aumento do desemprego.

 

• Uso de grande parte dos dólares da venda de petróleo (principal produto de exportação do país) para a manutenção de programas sociais. O petróleo é explorado e comercializado pela empresa estatal venezuelana PDVSA.

 

• Busca por apoio da população através de medidas populistas e paternalistas. Usou, inclusive, campanhas patrióticas como forma de conquistar grande parte dos venezuelanos e se perpetuar no poder por mais tempo.

 

• No ano 2000, Hugo Chávez foi reeleito presidente da Venezuela. A eleição foi marcada por suspeitas de fraudes e manipulações eleitorais.

 

• Dois anos após a reeleição, parte significativa da população venezuelana começou a ficar insatisfeita com o governo Chávez. Essa insatisfação estava ligada não só às posturas antidemocráticas do regime, mas também com o aumento do desemprego e com a crise econômica.

 

• Em 11 de abril de 2002, houve uma tentativa de golpe militar (de opositores) contra o governo Chávez. Com duração de 47 horas, ele foi encerrado com a libertação do presidente.

 

• O terceiro mandato de Chávez ocorreu entre 2007 e 2013. Neste período, a situação econômica da Venezuela piorou ainda mais, ocorreram censuras à órgãos de imprensa e muitos venezuelanos saíram do país (início da migração).

 

• Chávez morreu em 2013. Entrou em seu lugar o vice-presidente Nicolás Maduro.


Principais características do governo Nicolás Maduro:

 

• Manutenção da política chavista (autoritarismo, censura, perseguição aos opositores, regime ditatorial). Com a manutenção de militares nos pontos chaves do governo, podemos dizer que Maduro continuou com a ditadura militar socialista, inaugurada por Chávez.

 

• Apoio político do exército venezuelano ao governo.

 

• Forte poder de atuação da Guarda Nacional Bolivariana (um dos quatro poderes das Forças Armadas da Venezuela). Essa atuação é feita, principalmente, na repressão dos movimentos sociais de oposição.

 

• Apoio econômico da China e da Rússia, através da compra de petróleo.

 

• Existência de manifestações populares contra o regime venezuelano. As manifestações são combatidas com repressão militar, prisões de opositores e manifestantes. Infelizmente, ocorreram até mesmo mortes de manifestantes nestes atos em prol da democracia.

 

• Com a queda do preço do barril do petróleo, a Venezuela viu aumentar a crise econômica no governo Maduro. A inflação disparou (1.000.000% em 2018), o desemprego aumentou ainda mais e o número de pessoas abaixo do nível de pobreza chegou a cerca de 82% em 2018.

 

• O governo Maduro culpou os embargos econômicos, promovidos principalmente pelos EUA, como responsáveis pela crise. Porém, grande parte dos economistas afirmam que a crise venezuelana é o resultado da desestruturação do capitalismo no país, da falta de liberdade econômica, da insegurança jurídica para as empresas e das medidas socialistas antimercado.

 

• Outro problema grave enfrentado na Venezuela é o aumento da criminalidade, que apresentou, em 2016, o índice alarmante de 92 mortes por 1000 habitantes.

 

•Em 2017, Maduro estabelece uma Assembleia Constituinte, amplamente vista como uma tentativa de consolidar o poder e marginalizar a Assembleia Nacional controlada pela oposição. Esse movimento é criticado tanto interna quanto internacionalmente e leva a mais sanções.

 

• Em 2018, a Venezuela de Maduro apresentou o aumento de outros problemas como, por exemplo, a crise migratória (crise humanitária). Milhares de venezuelanos refugiados, que passam fome e necessidades básicas (inclusive falta de medicamentos), passaram a buscar melhores condições de vida em países vizinhos, inclusive no Brasil.

 

• Mesmo com todo esse cenário caótico, o governo Maduro faz de tudo para se manter no poder e dar continuidade ao ideal fracassado, desde o governo Chávez, da Revolução Bolivariana. Enquanto isso, grande parte da população do país se mantém em situação precária de vida e a democracia mais fraca do que nunca.

 

• No início de 2019, o Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, autoproclamou-se Presidente da Venezuela. Embora milhares de venezuelanos tenham ido às ruas em favor de Guaidó e exigindo a queda de Maduro, o governo venezuelano conseguiu impedir o sucesso desse movimento.

 

• Entre 2020 e 2022, a pandemia de COVID-19 exacerba os desafios econômicos e humanitários já existentes na Venezuela, com impactos significativos na saúde e na economia.

 

Manifestação pela democracia na Venezuela em janeiro de 2019

Milhares de venezuelanos foram as ruas contra o governo de Maduro em janeiro de 2019.

 

 

 

Foto do presidente venezuelano Nicolás Maduro

O presidente venezuelano Nicolás Maduro

 

 



Por Jefferson Evandro Machado Ramos
Graduado em História pela Universidade de São Paulo - USP (1994).




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Bibliografia e vídeos indicados:

 

Fonte de referência do artigo:

 

- CAMPOS, Raymundo. Estudos de História Moderna e Contemporânea. São Paulo: Editora Atual, 1988.


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