Período histórico
Assim como o Brasil, o Chile passou por uma ditadura militar que provocou um grande retrocesso democrático no país. No Chile, a ditadura durou quase 17 anos (de setembro de 1973 a março de 1990). Neste período, o Chile foi governado pelo general Augusto Pinochet.
Contexto histórico
No começo da década de 1970, o Chile apresentava uma economia dependente dos investimentos externos (principalmente de multinacionais). Embora com boa industrialização, o sistema econômico chileno apresentava grandes desigualdades sociais, sendo que uma significativa parcela da sociedade vivia em situação de pobreza.
No campo político, o embate entre capitalistas e socialistas, reflexo da Guerra Fria, dividia o país. Os partidos conservadores queiram manter o alinhamento com os Estados Unidos, defendendo reformas moderadas dentro do sistema capitalista e da ordem política em vigor. Por outro lado, os socialistas queriam mudanças radicais através de uma revolução que pudesse promover rupturas econômicas, conduzindo o país para o campo do socialismo.
Em 1970, foi eleito para a presidência o socialista Salvador Allende com apoio da Unidade Popular (grupo de partidos de esquerda). A intenção deste governo era, através de reformas socialistas, combater a desigualdade social e promover o crescimento econômico. Desta forma, o Chile seria conduzido, sem violência, para um Estado socialista. Nacionalização de recursos minerais (principalmente o cobre) e reforma agrária eram os principais pilares de Allende. Porém, estas medidas consideradas socialistas despertaram forte contrariedade nas Forças Armadas do Chile, na classe média, no meio empresarial e também nos Estados Unidos, que não queriam o país alinhado com a União Soviética.
Em 1973, ano do golpe militar, a crise econômica se agravou. A inflação estava na casa dos 300% e o PIB em queda. Estes fatores geraram uma grande insatisfação com o governo socialista de Salvador Allende.
Golpe Militar de 1973
Em 11 de setembro de 1973, as Forças Armadas do Chile, através de um golpe de Estado, derrubaram o governo de Salvador Allende e deram início a um governo militar no país. Durante o Golpe, o Palácio de La Moneda (sede do governo) foi bombardeado pelo exército. Salvador Allende, antes das tropas o prenderem, se suicidou. Começava assim a ditadura militar no Chile, que foi governado por quase 17 anos pelo general Augusto Pinochet.
Palácio de La Moneda (sede da Presidência da República do Chile) sendo bombardeado durante o Golpe de Estado no Chile, em 11 de setembro de 1973. |
As principais características da ditadura no Chile são:
- Perseguição política e prisão aos opositores (políticos, artistas, estudantes, líderes sindicais, entre outros);
- Tortura, repressão violenta e execução de opositores. Vale dizer que, muitas vezes, a violência militar foi utilizada para combater opositores violentos e criminosos, principalmente guerrilheiros urbanos de ideologia marxista. Grande parte deles, não tinha como objetivo a redemocratização do país, mas sim a implantação, no Chile, de um regime ditatorial socialista pró União Soviética.
- Censura às emissoras de rádio, jornais, televisão e outros meios de comunicação;
- Fechamento de partidos políticos;
- Violações aos direitos humanos;
- Restrição à liberdade de expressão;
- Política anticomunista;
- Alinhamento político ao bloco capitalista, liderado pelos Estados Unidos;
- Forma autoritária de governar.
Jimmy Carter (presidente dos EUA) e Pinochet (a direita): alinhamento político dos EUA com ditadura chilena (foto de 1977). |
As principais características econômicas são:
- Aumento da desigualdade social;
- Política econômica neoliberal (neoliberalismo);
- Abertura da economia para empresas multinacionais;
- Privatizações de empresas estatais;
- Redução de gastos do setor público;
- Controle de juros através do Banco Central.
Como terminou a ditadura no Chile
A violenta e antidemocrática forma de governar de Augusto Pinochet começou, no final dos anos 80, a gerar pressões contrárias de países e instituições internacionais. Esta imagem negativa do governo chileno no exterior resultou no isolamento internacional do país. Vários países romperam relações diplomáticas com o Chile, em sinal de protesto ao governo truculento do país.
Internamente, grande parte do povo chileno não aguentava mais o governo Pinochet e a ditadura. A economia do país enfrentava problemas e as desigualdades sociais só haviam aumentado durante a ditadura.
Em 1988, o Chile passou por um plebiscito nacional, previsto pela Constituição, onde a população deveria escolher pelo “Sim” (permanência de Pinochet no poder) ou “Não” (convocações de eleições para o ano seguinte). Grande parte do povo votou pelo fim do regime militar. Em 1989, o Chile passou por eleições diretas e Patricio Aylwin foi eleito presidente pela Coalização de Partidos pela Democracia. A ditadura chilena se encerrou em 11 de março de 1990, com a posse do novo presidente civil.
Protesto pacífico contra a Ditadura Militar no Chile. |
Veja também:
Conheça também como foi a Ditadura Militar no Brasil.
Por Jefferson Evandro Machado Ramos
Graduado em História pela Universidade de São Paulo - USP (1994).
Fonte de referência do artigo:
SILVA, Carlos Alberto F. da. A Ditadura no Chile: um balanço histórico. 2. ed. São Paulo: Atual, 2003. 240 p.
Fontes de pesquisa consultadas para a elaboração do texto:
CAMPOS, Raymundo. Estudos de História Moderna e Contemporânea. São Paulo: Editora Atual, 1988.
CÁCERES, Florival; PEDRO, Antônio. História Geral. São Paulo: Moderna, 1988.
Vídeo indicado no YouTube:
O golpe de 11 de setembro no Chile e a ditadura de Pinochet - Nerdologia