Fenícios

Os Fenícios foram uma civilização semítica antiga, conhecida por seu comércio marítimo e pela criação de um dos primeiros alfabetos, habitando a região do atual Líbano.


Fenícios: grandes navegadores e comerciantes do Mar Mediterrâneo
Fenícios: grandes navegadores e comerciantes do Mar Mediterrâneo

 

Introdução (região habitada)


O povo fenício, bem antes de o povo romano entrar na Inglaterra, por lá esteve para comprar estanho e couro dos antigos bretões. Habitaram a região da costa oriental do Mediterrâneo, que é atualmente ocupada pela Síria, Israel e Líbano. Entre os séculos X e I a.C. atingiram grande desenvolvimento, principalmente no comércio marítimo.


História


Este foi o primeiro grande povo mercador marítimo. Os fenícios habitaram a costa de Canaã, centenas de anos antes dos hebreus viverem nesta região. Eles tinham pele escura e adoravam Baal e Astarteia (deusa da Lua).  

 

Na história existiram outros grandes conquistadores como, por exemplo, os babilônios, assírios e persas; entretanto, estes não foram capazes de conquistar a mesma riqueza dos fenícios, contudo, o Império Romano absorveu o seu bem-sucedido sistema de comércio marítimo.

 

Em 539 a.C., o Império Persa conquistou as cidades-estados fenícias e, mais tarde, elas se tornaram parte dos impérios helenísticos após as conquistas de Alexandre, o Grande. No entanto, seu legado, especialmente o sistema alfabético e as proezas marítimas, tiveram impactos duradouros nas civilizações subsequentes.



O comércio marítimo

 

Por volta de 1500 a.C. tiveram grande êxito em seus negócios, pois praticavam comércio intenso tanto por terra quanto por mar. Muitos historiadores fazem referência ao governo assírio como sendo uma Talassocracia, ou seja, governo baseado no domínio ou poderio sobre o mar. O sucesso no comércio marítimo ocorreu graças ao litoral (no Mar Mediterrâneo) adequado para a construção de portos e também pela proximidade geográfica com a Mesopotâmia e o Egito. A grande quantidade de madeira no território fenício também foi um fator favorável para o desenvolvimento de embarcações. Outro produto que os fenícios produziam e usavam para vender e trocar com outros povos era uma tinta de cor roxa, que eles obtinham a partir da trituração de conchas marinhas.



Arte e Artesanato

 

Os artesãos fenícios eram hábeis em uma variedade de ofícios. Eles se destacaram na metalurgia, produzindo joias requintadas, armas e itens cerimoniais. A vidraria fenícia era outra mercadoria procurada, e sua indústria têxtil, particularmente a produção de tecidos tingidos, era famosa em todo o mundo antigo. Em sua arte, muitas vezes incorporavam designs e influências de outras culturas com as quais interagiam, levando a um estilo artístico cosmopolita.



Principais cidades fenícias

 

Tiveram como suas maiores cidades: Tiro, Biblos e Sidon. Foram responsáveis pela construção de portos comerciais e fundação de colônias em praias distantes, como: Cádiz, na Espanha, e Cartago, localizada ao norte da África. Fundaram outras cidades, no Mediterrâneo, como Ibiza (ilha quer pertence à Espanha), Tânger (no atual Marrocos).




Alfabeto e Escrita


Os fenícios são creditados com a criação de um dos primeiros sistemas de escrita alfabética, o alfabeto fenício, por volta do século XII aC. Ao contrário das escritas pictográficas do antigo Egito ou da Suméria, o alfabeto fenício consistia em cerca de 22 caracteres, cada um representando um único som. Essa simplicidade permitiu que fosse facilmente aprendida e amplamente adotada. O alfabeto fenício teve uma profunda influência no desenvolvimento das escritas posteriores, incluindo os alfabetos grego e latino.

 

 

Religião fenícia

 

Os fenícios foram um povo da Antiguidade, que habitaram a região litorânea da atual Síria. Eles ocuparam a região por volta de 3.000 a.C. No século III a.C. foram conquistados pelos romanos. Entre as principais características da religião fenícia, podemos citar:

 

• A religião fenícia era politeísta, ou seja, possuía vários deuses (divindades).

 

• As divindades fenícias eram identificadas com as forças da natureza ou com astros.

 

• Como eram povos navegadores e também desenvolviam a agricultura, a religião desse povo estava muito ligada a essas atividades.

 

• Cada cidade fenícia (as principais eram Biblos, Sidon e Tiro) possuía uma divindade principal, que era cultuada pelos habitantes dela.

 

• Havia também as divindades que eram comuns a todas as cidades, além de deuses de povos vizinhos que também eram cultuados na Fenícia.

 

• O deus principal de cada cidade era chamado de Baal. Portanto, cada cidade fenícia possuía o seu Baal. Ele representava o poder e a importância do Sol.

 

• Outra importante divindade fenícia era Astarte (Astarteia), que simbolizava a fertilidade. Ela era ligada a Lua.

 

• O deus Dagon (divindade que representava o trigo) também tinha grande importância no panteão fenício. Essa divindade era de origem assíria e também estava ligado à fertilidade. Por isso, ele também foi representado com corpo metade de homem e metade de peixe (simbolizava a multiplicação).

 

• Outros importantes deuses e deusas na Fenícia: Eshmun (deus da saúde). Adônis (deus da vegetação na cidade de Biblos), Tinet e Melcart.

 

• Costumavam realizar sacrifícios humanos em seus cultos religiosos. Acreditavam, que dessa forma, agradavam os deuses.

 

• Os sacerdotes fenícios (líderes religiosos) possuíam grande importância nas cidades. Eles eram protegidos pelos governantes e tinham, além de poder social, privilégios.

 

• Os templos fenícios, administrados pelos sacerdotes, possuíam muitas propriedades rurais, o que lhes garantiam bons recursos econômicos.

 

Representação de Dagon, deus fenício
Dagon: um dos deuses mais importante na religião dos fenícios



Administração e governo

 

Os fenícios não tinham um governo centralizado como muitas de suas sociedades contemporâneas. Em vez disso, sua organização política era estruturada em torno de cidades-estado independentes, como Tiro, Sidom e Biblos, cada uma governada por seu próprio rei ou conselho. Essas cidades-estado operavam de forma autônoma, gerenciando seus próprios assuntos sem um império unificado para supervisioná-las, mas compartilhavam laços culturais e religiosos. A realeza em cada cidade-estado geralmente era hereditária, embora algumas decisões pudessem ser influenciadas por um conselho de comerciantes ricos e famílias nobres, refletindo a forte cultura mercantil dos fenícios. Seu governo era caracterizado por um foco no comércio e na atividade mercantil, com cada cidade-estado estabelecendo colônias e redes comerciais pelo Mediterrâneo, em vez de buscar expansão militar ou conquista territorial.


Na administração, os fenícios enfatizavam a eficiência no gerenciamento de suas amplas rotas comerciais. Eles desenvolveram um sistema de governança sofisticado para suas colônias e postos comerciais, equilibrando as necessidades das cidades-estado de origem com a autonomia local das colônias. Colônias fenícias, como Cartago, geralmente eram administradas por magistrados ou oficiais nomeados pela cidade-estado mãe, assegurando lealdade enquanto permitiam certo grau de autogoverno. As práticas administrativas dos fenícios eram altamente pragmáticas, priorizando a prosperidade do comércio em vez de conquistas, com cada cidade-estado focando na construção de uma rede de alianças e tratados. Essa abordagem flexível e orientada para o comércio permitiu que os fenícios mantivessem influência sobre vastas regiões do Mediterrâneo sem dominação política direta, estabelecendo uma base de poder econômico que influenciou seus vizinhos e sucessores.


Curiosidades históricas:

 

- O primeiro alfabeto moderno foi inventado pelos fenícios. A escrita fenícia era composta por 22 símbolos que representavam sons fonéticos.

- Os fenícios desenvolveram muitos conhecimentos importantes nos campos da Matemática e da Astronomia.


- Em função do tipo de solo pouco fértil, a agricultura não se desenvolveu muito bem em território fenício.


- Um personagem citado na Bíblia, de origem fenícia, é Hirão. De acordo com pesquisadores bíblicos, ele está relacionado com a construção do Templo de Salomão.

- As principais mercadorias produzidas pelos fenícios eram: tecidos, armas, barcos de madeira, objetos de vidro, cobre e bronze.


- A Sicília (ilha mediterrânica pertencente atualmente a Itália) foi uma colônia fenícia na Antiguidade.


- A cidade de histórica fenícia de Biblos, em função de suas ruínas de grande valor histórico, é um Patrimônio Mundial da Unesco. Ela está localizada no Líbano.


- A língua fenícia, falada até os dias de hoje (na região litorânea do Oriente Médio, banhada pelo Mediterrâneo) é da família linguística semita.

 

Astarte, deusa fenícia que representava a Lua

Astarte (Astarteia): escultura da deusa fenícia da Lua (também chamada "Senhora da Galera").

 

 

O legado deixado pelos fenícios:

 

- Desenvolvimento do alfabeto: o alfabeto fenício é considerado um dos primeiros sistemas de escrita fonéticos, influenciando o grego, o latim e outros alfabetos.


- Experiência no comércio marítimo: os fenícios eram navegadores e comerciantes habilidosos, estabelecendo importantes rotas comerciais pelo Mediterrâneo.


- Habilidade na construção de navios: eles foram pioneiros no design e construção de navios, avançando a tecnologia naval.


- Difusão de troca cultural: através de suas extensas redes de comércio, os fenícios facilitaram a troca de mercadorias, ideias e cultura entre diferentes civilizações.

 

 

 



Por Jefferson Evandro Machado Ramos
Graduado em História pela Universidade de São Paulo - USP (1994).




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Bibliografia e vídeos indicados:

 

Fonte de referência do texto:

 

VICENTINO, Cláudio. História Geral – volume único. São Paulo: Editora Scipione, 2011.

 

 

Vídeo indicado no YouTube:

Os Fenícios: Os Grande Navegadores da Antiguidade - Grandes Civilizações da História - Canal Foca na História

 


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