Contexto histórico
Antes da unificação, o território germânico estava fragmentando em 39 estados que formavam a Confederação Germânica. A Confederação era governada por uma assembleia com representantes de todos os estados. Porém, eram os representantes dos maiores estados, Prússia e Áustria, que tinham maior poder e acabam por decidir quase tudo.
Havia também um conflito de interesses entre Áustria e Prússia. Enquanto a Áustria era contrária a unificação, a Prússia era favorável, pois pretendia aumentar seu poder sobre o território germânico e ampliar o desenvolvimento industrial.
As principais causas da unificação foram:
• Necessidade de unificar a cobrança de impostos e taxas, além da criação de regras aduaneiras (importação e exportação) em todo território germânico.
• Criação de uma unidade política e administrativa para toda região ocupada pelos estados da Confederação Germânica.
• Necessidade de colaboração econômica entre os estados germânicos.
• Crescimento do nacionalismo, que defendia a união dos germânicos num só país.
• Necessidade das empresas de criação de infraestrutura (principalmente estradas de ferro).
• Criação de uma estrutura militar centralizada.
Brasão de Armas da Confederação Germânica: anterior à unificação alemã. |
O Zollverein
Em 1834, a Prússia liderou a criação do Zollverein (união aduaneira dos Estados Germânicos) com o objetivo de facilitar o comércio entre os Estados e incentivar o desenvolvimento industrial. Grande parte dos estados entrou nesta união, porém a Áustria optou por ficar de fora. A criação desta união fez aumentar muito o poder da Prússia e diminuir o da Áustria na Confederação.
Bismarck: O Chanceler de Ferro
No ano de 1862, o rei prussiano Guilherme I escolheu para ser o primeiro-ministro da Prússia o político e diplomata Otto von Bismarck, o Chanceler de Ferro. A ideia de Guilherme I era unificar os Estados Germânicos, processo que seria organizado por Bismarck. Porém, o Chanceler de Ferro acreditava que para isso seria necessário o caminho militar.
Para atingir seu objetivo, Bismarck passou a aumentar o poder bélico da Prússia, ampliando o número de militares e investindo na produção de armamentos.
A Guerra dos Ducados
Foi a primeira etapa do plano militar de unificação germânica colocado em prática por Bismark. Em 1864, com apoio da Áustria, a Prússia conquistou os ducados de Holstein e Schleswig que eram habitados por germânicos, porém estavam sob posse da Dinamarca.
A Guerra contra a Áustria
Após a Guerra dos Ducados, a Áustria havia ficado com o ducado de Holstein. Bismarck ficou descontente com a administração austríaca no condado e declarou guerra à Áustria no ano de 1866.
A Prússia venceu a Áustria na guerra e passou a dominar os estados do norte da Confederação.
Batalha de Königgrätz durante a Guerra Austro-Prussiana. |
Guerra Franco-Prussiana e a unificação alemã:
Para concluir o objetivo de unificar todos os Estados Germânicos, a Prússia precisava conquistar os estados do sul. Porém, o imperador da França, Napoleão III, se opôs a ideia de Bismark. Após um problema de sucessão no trono da Espanha, um parente do rei da Prússia teria direito a ocupar o cargo. Porém, Napoleão III, temendo o aumento do poder prussiano na Península Ibérica, foi contra e declarou guerra a Prússia em 1870.
Com um exército formado por militares prussianos e de outros estados germânicos, a Prússia comandou a invasão e conquista da França.
Guilherme I foi proclamado Imperador da Alemanha em 1871, concluindo assim o processo de unificação da Alemanha.
Ainda em 1871 foi assinado o Tratado de Frankfurt entre França e Alemanha. Como derrotados, os franceses tiveram de pagar uma elevada indenização de guerra, além de ceder à Alemanha os territórios da Lorena e da Alsácia.
As principais consequências da unificação alemã foram:
• Criação do II Reich na Alemanha (Império Alemão);
• Desenvolvimento econômico e militar da Alemanha;
• Crescimento do poder geopolítico da Alemanha na Europa;
• Entrada da Alemanha na disputa por território no processo de neocolonização da África e Ásia, aumentando a disputa por territórios com o Reino Unido no final do século XIX. Este fato fez aumentar as tensões entre Alemanha e Reino Unido, um dos fatores desencadeantes da Primeira Guerra Mundial;
• A rápida industrialização da Alemanha trouxe consigo uma série de questões sociais, incluindo superlotação urbana, disputas trabalhistas e desigualdade social. Essas questões acabaram contribuindo para a ascensão do Partido Social Democrata, que se tornou uma força política significativa, apesar das tentativas de Bismarck de suprimi-lo.
• A mudança no equilíbrio de poder na Europa, a corrida armamentista, a rivalidade colonial e os sentimentos nacionalistas contribuíram para as crescentes tensões entre as potências europeias. Esses fatores foram precursores da eclosão da Primeira Guerra Mundial e, posteriormente, da Segunda Guerra Mundial.
• Formação da Tríplice Aliança em 1882, bloco político-militar composto por Áustria, Itália e Alemanha.
Guilherme I: primeiro imperador da Alemanha após a unificação. |
Veja também:
Conheça também como foi o processo de Unificação da Itália.
Autor: Professor Jefferson Evandro Machado Ramos
Graduado em História pela Universidade de São Paulo - USP (1994).
Fontes de pesquisa consultadas para a elaboração do texto:
- CAMPOS, Raymundo. Estudos de História Moderna e Contemporânea. São Paulo: Editora Atual, 1988.
- CÁCERES, Florival; PEDRO, Antônio. História Geral. São Paulo: Moderna, 1988.
Vídeo indicado no YouTube:
- A unificação alemã e as guerras da Prússia | Nerdologia