O que foram, período e objetivo
As Guerras Napoleônicas foram uma série de conflitos armados que ocorreram entre 1803 e 1815, envolvendo o Império Francês de Napoleão Bonaparte e uma série de coalizões opostas. Essas guerras foram impulsionadas principalmente pela ambição de Napoleão de expandir seu império pela Europa, afirmando a dominância francesa. O período dessas guerras marcou uma era crucial na história europeia, alterando significativamente o cenário político do continente.
Quais foram as Guerras Napoleônicas:
As Guerras Napoleônicas podem ser divididas em várias campanhas e batalhas importantes que refletem as diferentes fases do conflito.
1. Guerra da Terceira Coalizão (1803–1806)
Esta guerra viu a França enfrentando uma coalizão formada pelo Reino Unido, Áustria, Rússia, Nápoles e Suécia. A Batalha de Austerlitz em 1805 foi uma vitória decisiva para Napoleão, levando à dissolução do Sacro Império Romano e ao estabelecimento da Confederação do Reno sob influência francesa.
Batalha de Austerlitz: ocorreu em 1805 com vitória do exército napoleônico. |
2. Guerra da Quarta Coalizão (1806–1807)
Nesta fase, a Prússia juntou-se à coalizão contra a França. As vitórias de Napoleão nas Batalhas de Jena e Auerstedt, em 1806, e a Batalha de Friedland, em 1807, forçaram a Prússia e a Rússia a assinarem os Tratados de Tilsit, solidificando a hegemonia francesa na Europa Central.
3. Guerra Peninsular (1808–1814)
Este conflito começou quando Napoleão invadiu a Espanha e Portugal. Foi marcado por uma guerra de guerrilha significativa e pela participação das forças britânicas, ao lado das duas nações ibéricas, sob o comando do Duque de Wellington. A guerra drenou os recursos franceses e contribuiu para o enfraquecimento do império de Napoleão.
4. Guerra da Quinta Coalizão (1809)
A Áustria, insatisfeita com os Tratados de Tilsit, iniciou outra coalizão contra a França. A Batalha de Wagram em 1809 resultou em uma vitória decisiva para os franceses, levando ao Tratado de Schönbrunn, que estendeu ainda mais o controle francês na Europa.
Batalha de Wagram: vitória de Napoleão sobre o exército da Áustria, em 1809. |
5. Invasão da Rússia (1812)
A invasão de Napoleão à Rússia foi uma das campanhas mais ambiciosas e desastrosas para os franceses. A campanha terminou em uma retirada catastrófica de Moscou, com o inverno rigoroso e as táticas russas dizimando a Grande Armée.
6. Guerra da Sexta Coalizão (1813–1814)
Após o fracasso na Rússia, a coalizão composta por Áustria, Prússia, Rússia, Suécia, Reino Unido, Espanha e Portugal uniu-se contra Napoleão. A Batalha de Leipzig em 1813, também conhecida como a Batalha das Nações, foi uma derrota significativa para Napoleão. Isso levou à invasão da França pela coalizão e à abdicação de Napoleão em 1814.
Batalha das Nações ocorrida em 1815: derrota francesa. |
7. Guerra da Sétima Coalizão (1815)
Esta fase final, também conhecida como os Cem Dias, viu o retorno de Napoleão do exílio e a breve restauração de seu governo. A coalizão rapidamente se mobilizou, levando à decisiva Batalha de Waterloo. Napoleão foi derrotado pelo Duque de Wellington e pelo General Prussiano Blücher, levando à sua abdicação final e exílio para Santa Helena.
Como as Guerras Napoleônicas terminaram
As Guerras Napoleônicas terminaram com a Batalha de Waterloo, em 18 de junho de 1815. Esta batalha decisiva marcou o fim do governo de Napoleão e sua ambição de dominar a Europa. Após sua derrota, Napoleão foi exilado para a ilha de Santa Helena no Atlântico Sul, onde passou os últimos anos de sua vida até sua morte em 1821. O Congresso de Viena, realizado de 1814 a 1815, desempenhou um papel crucial na remodelação da Europa após as Guerras Napoleônicas, visando restaurar a estabilidade e o equilíbrio de poder no continente.
Batalha de Waterloo: derrota de Napoleão para a Sétima Coalizão, em 1815. |
Principais consequências das Guerras Napoleônicas:
• Redesenho do mapa europeu: o Congresso de Viena redesenhou as fronteiras nacionais, restaurando muitos territórios a seus governantes pré-guerra e estabelecendo um novo equilíbrio de poder para evitar futuros conflitos.
• Ascensão do nacionalismo: as guerras estimularam sentimentos nacionalistas em toda a Europa, levando a futuros movimentos de independência e unificação, particularmente na Itália e na Alemanha.
• Declínio dos impérios: o Sacro Império Romano foi dissolvido e os impérios espanhol e português enfraquecidos, levando a movimentos de independência em suas colônias.
• Inovações militares e táticas: introduziram mudanças significativas em táticas militares, logística e no conceito de guerra total, influenciando estratégias militares futuras.
• Impacto econômico: interromperam o comércio e as economias em toda a Europa, levando a dificuldades financeiras e necessitando de reformas econômicas em muitos países.
• Mudanças políticas: as guerras levaram à ascensão e queda de vários líderes e governos, incluindo a restauração Bourbon na França e a disseminação de ideias liberais, que mais tarde moldariam a política europeia.
Publicado em 22/06/2024
Por Jefferson Evandro M. Ramos (graduado em História pela Universidade de São Paulo).
TEIXEIRA, Francisco M. P. As Guerras Napoleônicas. São Paulo: Editora Ática, 1999.