Movimentos e Fases das Artes Plásticas no Brasil

Neste texto você vai encontrar uma síntese da história dos principais movimentos artísticos brasileiros e seus principais artistas.


Cerâmica da ilha de Marajó
Cerâmica da ilha de Marajó

 

Artes Plásticas na Pré-História (de 15.000 a 3.000 a.C.)

 

As pinturas rupestres (em paredes de cavernas) mais antigas do Brasil foram encontradas na Serra da Capivara, no estado do Piauí. Na época entre 5.000 a.C. e 1.100, povos da Amazônia fabricaram objetos de enfeites e de cerâmica. Destacam-se os vasos de cerâmica da ilha de Marajó e do rio Tapajós. A arte plumária (com penas de pássaros) feitas por índios e a pintura corporal, usando tintas derivadas da natureza, representam importantes exemplos da arte indígena.



Artes Plásticas no início da colonização (séculos XV e XVI)

 

Junto com os portugueses, chegam ao país influências artísticas renascentistas e do começo da fase barroca. Na época em que os holandeses invadiram o nordeste brasileiro e lá permaneceram (de1630 a 1654), muitos artistas retratam a paisagem, os indígenas, os animais, as flores e o cotidiano do Nordeste. Na época do governo de Mauricio de Nassau, chegam ao Brasil muitos pintores, entre eles o paisagista Frans Post. Este artista holandês usa técnicas de luz e cor típicas da pintura holandesa e retrata desta forma os cenários do nordeste do Brasil, no século XVII.



O Barroco e o Rococó (séculos XVI ao XIX)

 

Período que se destaca as esculturas e decoração de igrejas com características religiosas. Destacam-se neste período os seguintes artistas:  frei Agostinho da Piedade, Agostinho de Jesus, Domingos da Conceição da Silva e frei Agostinho do Pilar.

 

No auge do século do ouro, as igrejas são decoradas para mostrar o poder da Igreja. A utilização de curvas e espirais prevalecem nas obras deste período. Os artistas utilizam muito matérias-primas típicas do Brasil, tais como: pedra-sabão e madeira. O artista que mais se destacou nesta época foi Aleijadinho

 

Escultura do profeta Isaias, obra de Aleijadinho

Escultura do profeta Isaías, obra de Aleijadinho, um dos grandes nomes da arte barroca e da história da escultura brasileira.




O Neoclassicismo (século XIX)

 

D. João VI ao chegar ao Brasil em 1808 efetuou mudanças no cenário cultural da colônia. Em 1816, trouxe para o Brasil, pintores e escultores comprometidos com o ideal do neoclassicismo. Destacavam-se na Missão Artística Francesa: Nicolas-Antoine Taunay, Félix-Émile Taunay, Jean-Baptiste Debret, Auguste Taunay e Le Breton (chefe da missão). Estes artistas buscaram retratar o cotidiano da colônia de uma forma romântica, idealizando a figura do indígena e ressaltando o nacionalismo e as paisagens naturais (florestas, plantas, rios, etc.).

 

Pintura mostrando um guerreiro indígena sobre um cavalo e segurando uma lança

Guerreiro indígena a cavalo: pintura de Debret.



O Ecletismo nas artes plásticas (1870 a 1922)

 

Período marcado pesa fusão de estilos artísticos europeus como, por exemplo, o impressionismo, o simbolismo, o naturalismo e o romantismo. Fazem parte desta época: Eliseu Visconti, Almeida Júnior e Hélios Seelinger.




O Expressionismo (início do século XX)

 

Dois artistas expressionistas se destacam neste período: Lasar Segall e Anita Malfatti.

 

O primeiro, ao realizar sua primeira exposição em São Paulo, mostra sua pintura cheia de cores tropicais e repleta de cenas da realidade do Brasil.

 

Anita Malfatti choca a sociedade tradicional com suas obras expressionistas como, por exemplo, O homem Amarelo e O Japonês.

 

 

Pintura colorida representando uma estudante jovem sentada numa cadeira

A Estudante (1915-1916): exemplo de obra expressionista de Anita Malfatti.




Arte Moderna: modernismo na 1ª metade do século XX

 

O marco desta época foi a Semana de Arte Moderna realizada em São Paulo, em fevereiro de 1922. Nesta semana, vários artistas comprometidos em mudar a cara da arte nacional se apresentaram e chocaram a sociedade. Quebraram com os padrões europeus e buscaram valorizar a identidade nacional e uma arte, cujo cenário de fundo, eram as paisagens brasileiras e o povo brasileiro. Inovaram e romperam com o tradicional. O Modernismo preocupou-se muito a parte social do Brasil (principalmente as condições de vida das camadas mais pobres da sociedade).

 

Destacam-se como artistas modernistas: Di Cavalcanti, Vicente do Rêgo, Anita Malfatti, Lasar Segall, Tarsilla do Amaral, Victor Brecheret e Ismael Nery.

 

Para valorizar a arte modernista, embora reúnam obras de vários períodos, dois museus são criados nesta época: o MASP ( Museu de Arte Moderna de São Paulo), criado pelo empresário Assis Chateaubriand e o MAM-RJ (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro).

 

Abaporu, pintura de Tarsila do Amaral, 1929.

Abaporu (1929), pintura de Tarsila do Amaral, uma das principais artistas plásticas do Modernismo brasileiro.

 

 

O Concretismo (décadas de 1950 e 1960)

 

Movimento de arte abstrata marcado pelo uso de figuras geométricas e pela elaboração baseada no raciocínio. Esse movimento artístico foi criado pelo grupo paulista Ruptura, formado pelos artistas Haroldo de Campos, Geraldo de Barros e Valdemar Cordeiro.

 

No Rio de Janeiro, surge o grupo Frente que contesta a arte concreta e inicia o neoconcretismo. Aproximando-se da pop art e da arte cinética, elaboram obras de arte valorizando a luz, o espaço e os símbolos. São deste período: Amilcar de Castro, Franz Weissmann, Lygia Clark, Lygia Pape e Hélio Oiticica e Ivan Serpa.

 

 

O Construtivismo (década de 1950)

 

O movimento Construtivista brasileiro dos anos 1950 foi influenciado pelo Construtivismo Russo e pela arte Concreta europeia, mas os artistas brasileiros logo deram sua própria interpretação a esses princípios, resultando em um movimento que era distinto e original.


O Construtivismo no Brasil foi caracterizado pela simplificação das formas, uso de geometria básica, e a busca de uma arte universal, que fosse desprovida de subjetividade. Havia um foco em formas abstratas e geométricas puras e nas relações entre cores e formas, além da incorporação do espaço e do movimento na obra. A arte construtivista no Brasil também foi marcada por uma forte ligação com o design e a arquitetura.


O Grupo Ruptura, formado em São Paulo em 1952, é geralmente considerado o início do movimento construtivista no Brasil. Os membros do grupo incluíam Waldemar Cordeiro, Lothar Charoux, Luís Sacilotto, Kazmer Féjer, Leopoldo Haar e Anatol Wladyslaw, entre outros. Eles defendiam a arte concreta, que é uma forma de construtivismo, e rejeitavam a representação e a expressão pessoal em favor da abstração geométrica pura.


No Rio de Janeiro, surgiu um movimento paralelo liderado por artistas como Ivan Serpa, Abraham Palatnik e Aluísio Carvão, que fundaram o Grupo Frente. Embora também estivessem focados na arte concreta e construtivista, esses artistas eram um pouco menos dogmáticos em suas abordagens do que os membros do Grupo Ruptura.


O artista mais famoso associado ao construtivismo no Brasil é provavelmente Lygia Clark. Clark foi uma figura chave no movimento Neoconcreto, que surgiu no final dos anos 1950 como uma reação contra o rigor do construtivismo. Embora o Neoconcretismo ainda fosse baseado em formas abstratas e geométricas, ele reintroduziu a subjetividade e a experiência pessoal na arte.

 

O informalismo e a arte abstrata (1960 a 1970)

 

Nesta fase, a arte abstrata passa a ser marcada pelo informalismo lírico e gestual. Os meios de comunicação fornecem os temas para a produção de obras de arte politicamente engajadas.

 

Destacam-se os seguintes artistas:Tomie Ohtake, Manabu Mabe, Arcângelo Ianelli e Maria Bonomi. 



 

Década de 1970: tecnologias e arte

 

Nesta época novos sistemas e meios são utilizados nas obras de arte. A instalação (utilização de tecnologia para promover uma interação entre obra e espectador), o grafite (pinturas em spray em locais públicos), a arte postal (uso dos meios postais para criação de obras de arte) e a performance (uso de teatro ou dança em conjunto com as obras).

 

Destacam-se nesta época: Sirón Franco, Antonio Lizárraga, Luiz Paulo Baravelli, Cláudio Tozzi, Takashi Fukushima, Alex Vallauri, Regina Silveira, Evandro Jardim, Mira Schendel e José Roberto Aguilar.

 

 

Neoexpressionismo (década de 1980)

 

Na década de oitenta a arte resgata os meios artísticos tradicionais, embora haja, ao mesmo tempo, o fortalecimento da arte conceitual e do abstracionismo. Meios tecnológicos interferem, tornando possível o surgimento da videoarte (uso de imagens e sons, feitos em vídeo, nas artes plásticas). Relações entre o espaço público e a obra de arte possibilitam uma intervenção urbana, dando origem à arte pública.

 

Importantes artistas neoexpressionistas: Guto Lacaz, Cildo Meireles, Tunga, Carmela Gross, Dudi Maia Rosa, Rafael França, Ivald Granato, Marcelo Nitsche, Mário Ramiro, Hudnilson Junior, Daniel Senise e Alex Flemming.

 

 

Pós-modernismo (década de 1990)

 

As discussões sobre a história da arte e os conceitos artísticos ganham importância e influenciam este período. Uso de tecnologias, desconstrução da arte, aproximações da arte e do mundo real, globalização da arte. Estes foram os caminhos da arte na década de 1990.

 

Artistas desta época: Leda Catunda, Sandra Kogut, Laurita Sales, Iran do Espírito Santo, Rosângela Rennó, Jac Leirner, Hélio Vinci, Aprígio, Ana Amália, Marcos Benjamin Coelho, Cláudio Mubarac, Adriana Varejão, Beatriz Milhazes, Luis Hermano e Alex Cerveny.

 

 




Por Jefferson Evandro Machado Ramos
Graduado em História pela Universidade de São Paulo - USP (1994).




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Fontes de referência:

 

BATTISTONI FILHO, Duilio. Pequena História das Artes no Brasil. Campinas: Editora Atomo, 2008.


PEREIRA, Sônia Gomes. História da Arte no Brasil – Textos de Síntese. São Paulo: Editora Nacional, 2015.

 


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