O que foi e origem
O Arcadismo, também conhecido como Neoclassicismo ou Setecentismo, foi uma escola literária, que surgiu e se desenvolveu no século XVIII, na Europa.
Em Portugal, ele teve como marco inicial o lançamento, em Lisboa, da Arcádia Lusitana (1756). Esta foi uma espécie de academia, que reuniu vários escritores portugueses, empenhados em criar um novo estilo em oposição à literatura barroca (escola literária anterior ao Arcadismo).
Contexto histórico do Arcadismo em Portugal:
No século XVIII, a Europa estava passando pelo período do Iluminismo, também conhecido como o “Século das Luzes”. Este século também foi marcado por um significativo desenvolvimento industrial (Revolução Industrial) e tecnológico.
Neste contexto, a Europa (incluindo Portugal) viveu um período de valorização do pensamento racional e científico, deixando em segundo plano as ideias e explicações religiosas.
Principais características:
• Ausência e contraposição ao rebuscamento e ao detalhismo do Barroco (movimento artístico e literário dos séculos XVII e XVIII). Portanto, os escritores árcades utilizaram uma linguagem simples.
• Ênfase no racional e na objetividade, descartando tudo que era considerado inútil e supérfluo.
• Teve na poesia sua maior força de expressão literária.
• Valorização da vida rural e da natureza em oposição à vida urbana. Logo, o ambiente bucólico (relativo à vida no campo) e em harmonia com a natureza (como os pastores de ovelhas) são os ideais de vida valorizados pelos poetas do Arcadismo.
• Oposição e desvalorização ao estilo de vida dos burgueses nas cidades (centros urbanos).
• Retorno aos valores greco-romanos (cultura clássica).
• Utilização de mitologia clássica, com referências a deuses e heróis da Antiguidade (principalmente gregos e romanos), para enriquecer as narrativas.
• Os escritores árcades destacaram quatro principais conceitos, relacionados ao estilo de vida ideal. Esses conceitos foram divulgados em latim (língua da Roma Antiga). São eles: Fugere urbem (fugir da cidade); Aurea Mediocritas (equilíbrio de ouro); Carpe Diem (aproveite o dia, o momento) e Locus amoenus (lugar ameno).
Principais autores do arcadismo português:
- Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805)
- Manuel Nicolau Esteves Negrão (1750-1824)
- Cruz e Silva (1731-1799)
- Teotônio Gomes de Carvalho
- Leonor de Almeida Portugal, Marquesa de Alorna (1750-1839)
- Pedro Antônio Correia Garção (1724-1772)
- Francisco José Freire (1719-1773)
- Nicolau Tolentino de Almeida (1740-1811)
- António Dinis da Cruz e Silva (1731-1799)
- Domingos dos Reis Quita (1728-1770).
Bocage: um dos principais representantes do Arcadismo em Portugal. |
Exemplos de obras:
- A Morte de D. Ignez (Bocage)
- A Virtude Laureada (Bocage)
- Elegia (Bocage)
- O Hissope (Cruz e Silva)
- Arte Poética de Quinto Horácio Flacco (Francisco José Freire)
- Amantes (Nicolau Tolentino de Almeida)
- Inês de Castro (Domingos dos Reis Quita)
Curiosidade:
A maioria dos poetas árcades portugueses utilizou pseudônimos para assinar suas obras. Teotônio Gomes de Carvalho usava o pseudônimo de "Tirse Menteo"; Manuel Nicolau Esteves Negrão era o "Elmano Sincero" e Cruz e Silva tinha o apelido artístico de "Elpino Nonacriense".
Artigo publicado em 03/12/2021
Por Elaine Barbosa de Souza
Graduada em Letras (Português e Inglês) pela FMU (2002).
- CAMPADELLI, Samira Youseef; SOUZA, Jesus Barbosa. Literaturas Brasileira e Portuguesa. São Paulo: Editora Saraiva, 2009.
- TUFANO, Douglas. Vereda Digital – Literatura Brasileira e Portuguesa, São Paulo: Moderna, 2012.