Baixa Idade Média e suas características

A Baixa Idade Média é a fase final do período medieval e corresponde à crise do feudalismo e ao renascimento urbano e comercial.


Renascimento comercial na Baixa Idade Média
Renascimento comercial na Baixa Idade Média

 

O que foi e período histórico



A Baixa Idade Média foi o período da história Medieval que vai do século XIII ao XV. Corresponde a fase em que as principais características da Idade Média, principalmente o feudalismo, estavam em transição. Ou seja, é uma época em que o sistema feudal estava entrando em crise. Muitas mudanças econômicas, religiosas, políticas e culturais ocorrem nesta fase.

 

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA BAIXA IDADE MÉDIA:

 

1. Mudanças na forma de produzir 



O século XIII representou uma época de avanços tecnológicos na área agrícola. O desenvolvimento do arado de ferro com rodas, do moinho hidráulico e a utilização da atrelagem dos animais (bois e cavalos) pelo peito representaram uma evolução agrícola importante, trazendo um aumento significativo na produção dos gêneros agrícolas.

 

2. Crescimento demográfico 



O século XIII foi marcado também pela diminuição nas guerras. Vivenciou-se neste período uma situação de maior tranquilidade em função do fim das cruzadas. Este clima de paz em conjunto com o aumento na produção de alimentos significou um significativo aumento populacional no continente europeu. A população europeia passou de 45 milhões de habitantes em 1050 para 73 milhões em 1300. Este crescimento demográfico foi interrompido em meados do século XIV com a peste bubônica, que matou cerca de um terço da população europeia.


3. Renascimento Comercial e Urbano, o surgimento da burguesia



Quando retornavam das cruzadas, muitos cavaleiros saqueavam cidades no oriente. Os materiais provenientes destes saques (joias, tecidos, temperos, etc) eram comercializados no caminho. Foi neste contexto que surgiram as rotas comerciais e as feiras medievais. A saída dos muçulmanos do mar Mediterrâneo também favoreceu o renascimento comercial. Nesse processo, as cidades italianas de Gênova e Veneza, foram as principais beneficiadas.



Foi neste contexto que começou a surgir uma nova camada social: a burguesia. Dedicados ao comércio, os burgueses enriqueceram e dinamizaram a economia no final da Idade Média. Esta nova camada social necessitava de segurança e buscou construir habitações protegidas por muros. Surgia assim os burgos que, com o passar do tempo, deram origem a várias cidades (renascimento urbano).



As cidades passaram a significar maiores oportunidades de trabalho. Muitos habitantes da zona rural passaram a deixar o campo para buscar melhores condições de vida nas cidades europeias (êxodo rural). Com a diminuição dos trabalhadores rurais, os senhores feudais tiveram que mexer nas obrigações dos servos, amenizando os impostos e taxas. Em alguns feudos, chegaram a oferecer pequenas remunerações para os servos. Estas mudanças significaram uma transformação nas relações de trabalho no campo, desintegrando o sistema feudal de produção.

 

No século XIII, muitas cidades medievais europeias obtiveram autorização para poder cunhar moedas. Houve também o retorno das atividades financeiras.



Com o aquecimento do comércio surgiram também novas atividades como, por exemplo, os cambistas (trocavam moedas) e os banqueiros (guardavam dinheiro, faziam empréstimos, etc.).

 

As hansas (poderosas ligas de comerciantes), que surgiram no século XII, se fortaleceram entre os séculos XIII e XIV.  As principais foram a Hansa Teutônica (formada por comerciantes alemães), que depois se transformou na Liga Hanseática e cresceu muito, chegando a ter comerciantes de 80 cidades (alemãs, inglesas e até de cidades da Europa Oriental). As hansas estão na origem do capitalismo comercial, pois foram de grande importância para a dinamização do comércio e das cidades no final da Idade Média.

 

Foi também neste período histórico que surgiram as guildas, que eram associações (corporação de comerciantes). O funcionamento destas guildas proporcionou o aumento dos ganhos dos mercadores.

 

4. Cultura e universidades

 

Estes novos componentes sociais (burgueses, cambistas, banqueiros, etc.) passaram a começar a se preocupar com a aquisição de conhecimentos. Este fato fez surgir, nos séculos XII e XIII, várias universidades na Europa. Estas instituições de ensino dedicavam-se aos conhecimentos matemáticos, teológicos, medicinais e jurídicos.

 

A partir do século XI começam a surgir as primeiras universidades na Europa. Elas surgiram nas grandes cidades, no contexto de reavivamento cultural. E com relação à cultura, predominou, nesse período, a Escolástica (filosofia que buscou unir a razão à fé cristã).

 

Pintura medieval retratando uma aula numa Universidade da Idade Média

O surgimento de universidades foi uma das características da Baixa Idade Média.

 



Fatos históricos importantes ocorridos na Baixa Idade Média:


- Cisma entre as Igrejas do Oriente e do Ocidente (1054), também conhecido como Grande Cisma do Oriente.


- O papa Urbano II convoca a Primeira Cruzada com o objetivo de libertar a Terra Santa (1095).


- A Inquisição foi instituída pelo papa Gregório IX (1231).


- Início da Guerra dos Cem Anos entre França e Inglaterra (1337).


- Entre 1347 e 1353, a epidemia de Peste Negra mata cerca de 20 milhões de pessoas na Europa.


- Chegada dos espanhóis, liderados por Cristóvão Colombo, à América (1492).

 

Pintura medieval mostrando doentes da Peste Negra

Peste Negra: doença causou milhões de mortes na Europa no século XIV.

 

 

Curiosidades históricas:

 

- O primeiro banco público do continente europeu foi fundado em 1407, na cidade italiana de Gênova.

- A palavra burgos deriva do latim burgu, que significa "fortaleza".


- Conforme as cidades iam se desenvolvendo, na Baixa Idade Média, os burgueses iam comprando, dos senhores feudais, as Cartas de Franquias. Esses documentos davam aos burgueses as isenções das obrigações, impostos e taxas, que eram cobradas pelos senhores feudais. Assim, os burgueses passaram a administrar as cidades, conquistando para elas a autonomia jurídica, econômica e militar.

 

Renascimento urbano: uma das principais características da Baixa Idade Média

Renascimento urbano: uma das principais características da Baixa Idade Média (imagem de um burgo).

 

 

 

TEXTO COMPLEMENTAR: ROTAS COMERCIAIS NO FINAL DA IDADE MÉDIA

 

- Rota de Champagne: fazia a ligação entre a Península Itálica e Flandres (região norte da Bélgica), passando por Champagne (França). Nas cidades de Champagne e Flandres existiam importantes feiras comerciais, provavelmente as principais da Europa Medieval.

 

- Rota do Mediterrâneo: fazia a ligação das cidades italianas de Gênova e Veneza (as mais ricas e desenvolvidas comercialmente) até a cidade de Constantinopla (na atual Turquia) e também a cidade de Alexandria (no atual Egito). Nessa rota, os genoveses e venezianos compravam produtos orientais (joias, especiarias, tecidos, etc.) e revendiam na Europa, obtendo elevadas margens de lucro.

 

- Rota Mediterrâneo-Atlântico Norte: essa rota marítima ligava o Mar Mediterrâneo aos grandes centros de comércio do Atlântico Norte, Inglaterra e Hamburgo e Lübeck (norte da Alemanha).

 

 



Última revisão: 16/12/2021

Por Jefferson Evandro Machado Ramos
Graduado em História pela Universidade de São Paulo - USP (1994).




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Bibliografia Indicada

 

História da Baixa Idade Média (coleção Básica Universitária)

Autor: Batista Neto, Jônatas

Editora: Ática

 

Fontes de referência do texto:

 

- MOCELLIN, Renato. História para o Ensino Médio. São Paulo: IBEP, 2014.

- SANTOS, Maria Januária Vilela. História Antiga e Medieval. São Paulo: Ática, 1998.

 


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