Escola de Frankfurt

A Escola de Frankfurt foi uma importante escola filosófica que surgiu na Alemanha em 1924.


Habermas: filósofo da Segunda Geração da Escola de Frankfurt
Habermas: filósofo da Segunda Geração da Escola de Frankfurt

 

Pergunta:

 

O que é a Escola de Frankfurt? Quais suas principais características e filósofos?

 

Resposta:



O Instituto de Pesquisas Sociais, também conhecido como Escola de Frankfurt, é uma vertente de teorias sociais e filosóficas que surge na Alemanha em 1924, período entre as duas guerras mundiais.


A escola foi fundada pelos pensadores Max Horkheimer, Theodor Adorno e Friedrick Pollock. Filósofos e cientistas sociais que realizavam uma forte crítica aos regimes totalitários, principalmente o nazismo, fascismo e stalinismo.



Tendo como principal influência a teoria marxista, os autores da escola desenvolveram as ideias de Marx, através da origem do capitalismo e da observação empírica dos acontecimentos daquele período.  



Os pensadores desta escola, estavam analisando quais eram as alternativas que a sociedade possuía para mudar as condições sociais em que estavam inseridas. Situada no contexto social e político fortemente turbulento do nazismo, os autores sofreram perseguições e por esse motivo tiveram que migrar para os EUA em 1933.



Através da dialética do esclarecimento, os autores observam que o iluminismo, ao invés de trazer progresso em termos econômicos e sociais, possibilitou o avanço do capitalismo e de regimes totalitários, pois colocou a tecnologia a serviço das classes dominantes. Como exemplo, tivemos as ferramentas ideológicas utilizadas no nazismo e stalinismo, tal como o rádio, as propagandas publicitárias e o cinema.



Juntamente com Horkheimer, Theodor Adorno expõem a falta de informação e senso crítico como frutos das relações do sistema capitalista, para isso utilizam o conceito de “Indústria Cultural”, para compreender como a indústria massificou a cultura através do incentivo ao consumo.



Com uma forte crítica ao capitalismo, a proposta dos autores é a superação da indústria cultural e da cultura de massa, pois esta tem como objetivo único a alienação dos trabalhadores e a homogeneização das sociedades.  



Outro importante autor desta escola, foi Walter Benjamin, mais flexível do que os anteriores, acreditava que a arte dirigida às massas também poderia se tornar um instrumento de politização. Ou seja, segundo esse autor, é possível encontrar meios para utilizar a tecnologia a favor da cultura, da política e da construção de uma sociedade mais democrática.



Outro autor importante de destacar é Habermas e a teoria da dialógica, ou, racionalidade comunicativa. Segundo ele, existem duas maneiras de se comunicar, através da ação instrumental e a ação comunicativa. Para Habermas, somente o diálogo e a participação democrática da sociedade poderiam trazer a emancipação dos sujeitos.



Após o fim da Segunda Guerra Mundial, a escola de Frankfurt retorna à Alemanha em 1949, voltando a ser sediado na Universidade de Frankfurt. Os acontecimentos históricos e tecnológicos daquele período, transformaram as ciências sociais e as teorias marxistas como eram propostas até então. Suas ideias permanecem vivas até hoje como auxílio na busca de uma sociedade mais democrática e emancipada.

 

Theodor Adorno e Max Horkheimer, filósofos
Theodor Adorno e Max Horkheimer: dois dos principais filósofos da Escola de Frankfurt.


 

 

Principais Filósofos da Escola de Frankfurt:

 

Theodor W. Adorno (1903-1969)

Principais obras: Teoria Estética (1970), Dialético do Esclarecimento (1944) e Dialética Negativa (1966).

 

Max Horkheimer (1895-1973)

Principais obras: Eclipse da razão (1947), Teoria Crítica (1972) e Crítica da razão instrumental.

 

Jürgen Habermas (1929)

Principais obras: Mudança estrutural da esfera pública (1962), O discurso filosófico da modernidade (1985) e Conhecimento e interesse (1968).

 

Herbert Marcuse (1898-1979)

Principais obras: A ideologia da sociedade industrial (1964), Eros e Civilização: uma filosofia do pensamento (1955) e Razão e revolução (1941).

 

Friedrich Pollock (1894-1970)

Principais obras: Automação (1964), O capitalismo de Estado (1942) e Etapas do capitalismo (1975).

 

Erich Fromm (1900-1980)

Principais obras: O medo à liberdade (1944), Ter ou ser (1976) e A sociedade sã (1955).

 

Walter Benjamin (1892-1940)

Principais obras: A Obra de Arte na Era da Sua Reprodutibilidade Mecânica (1936), Teses Sobre o Conceito de História (1940)

 

Leo Löwenthal (1900-1993)

Principais obras: Literatura, Cultura Popular e Sociedade (1961), Literatura e a imagem do homem (1966) e Falsos profetas: estudos sobre o autoritarismo (1982).

 

Oskar Negt (1934)

Principais obras: Esfera pública e experiência (1972), Política como protesto. Discursos e artigos para o movimento antiautoritário (1971) e A esquerda responde a Jürgen Habermas (1968).

 

Alfred Schmidt (1931-2012)

Principais obras: História e estrutura (1981) e O conceito de natureza em Marx (1962).

 

Albrecht Wellmer (1933-2018)

Principais obras: A persistência da modernidade (1991), Teoria crítica e sociedade (1971) e Sobre a dialética da modernidade (1985).

 

Axel Honneth (1949)

Principais obras: Luta por reconhecimento (1982) e O Direito da liberdade (2017).

 

Ernst Bloch (1885-1977)

Principais obras: O Princípio Esperança (1947) e Ateísmo e Cristianismo.

 

Foto do filósofo Herbert Marcuse
Herbert Marcuse: importante filósofo da Escola de Frankfurt.

 

 

Qual o legado da Escola de Frankfurt para a Filosofia?

 

O legado da Escola de Frankfurt para a filosofia está profundamente enraizado em sua abordagem inovadora de integrar a filosofia com as ciências sociais para desenvolver uma teoria crítica voltada para a emancipação e transformação social. A Escola de Frankfurt revisou e atualizou o marxismo incorporando percepções da psicanálise, sociologia, filosofia existencial e outras disciplinas, ampliando assim o escopo da teoria crítica além da análise marxista tradicional. Essa abordagem interdisciplinar permitiu que a Escola criticasse vários aspectos das sociedades capitalistas, incluindo os efeitos da cultura de massa, tecnologia e autoritarismo na autonomia individual e nas relações sociais.

A ênfase da Escola de Frankfurt na relação dialética entre sociedade e cultura, particularmente através do conceito de indústria cultural, destacou o papel da mídia de massa e da cultura em reforçar as ideologias capitalistas e as hierarquias sociais. Essa perspectiva crítica sobre cultura e sociedade teve um impacto duradouro na teoria social contemporânea, influenciando gerações subsequentes de acadêmicos e estendendo o alcance da teoria crítica para novas áreas temáticas e geográficas.


Além disso, o legado da Escola de Frankfurt é evidente em sua contribuição para a filosofia da emancipação social e a crítica da modernidade. Ao se engajar criticamente com as contradições e patologias das sociedades capitalistas modernas, os pensadores da Escola buscaram descobrir as condições para a realização da autonomia e da justiça social. Isso envolveu uma crítica matizada da reificação e da mercantilização da cultura, bem como uma exploração do potencial para a consciência crítica e resistência dentro de sistemas sociais opressivos.

 

 


 

Pergunta respondida em 22/02/2020.

Por Misleine Neris de Souza Silva

Licenciada em História pela Faculdade JK de Brasília (2012) e Pós-Graduada em História Cultural pelo Centro Universitário Claretiano (2014).

Atualizado em 02/04/2024




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Bibliografia Indicada

 

A Escola de Frankfurt

Autor: Wiggershaus, Rolf

Editora: Difel Brasil

 

Fonte de referência do texto:

 

- GALLO, Sílvio. Filosofia – Experiência do Pensamento. São Paulo: Editora Ática, 2017.


- COTRIM, Gilberto e FERNANDES, Mirna,. Fundamentos de Filosofia. São Paulo: Editora Saraiva, 2017.


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