Introdução e características gerais
A filosofia japonesa não é apenas uma disciplina acadêmica, mas uma maneira de se envolver com a realidade que foi historicamente influenciada por uma rica diversidade de ideias de dentro e fora de suas fronteiras. Caracteriza-se por uma abordagem única que enfatiza a relação interativa entre o conhecedor e o conhecido, sugerindo um envolvimento pessoal com a realidade em vez de um distanciamento impessoal. Essa perspectiva está profundamente enraizada no desenvolvimento cultural e filosófico do Japão, que foi, em grande parte, autonegociado devido ao isolamento geográfico do país e às circunstâncias históricas.
Portanto, é importante saber que a filosofia japonesa foi moldada por várias tradições, cada uma contribuindo com seu próprio conjunto de ideias e valores.
Principais ensinamentos da Filosofia Japonesa:
1. Wabi-Sabi: conceito notável dentro da estética japonesa é o wabi-sabi, que ensina a apreciação da beleza na imperfeição e na natureza transitória da vida. Ele incentiva a aceitação, a simplicidade e o reconhecimento da beleza que reside no humilde e no efêmero.
2. Ikigai: refere-se à razão de viver de uma pessoa, um conceito que busca equilibrar o que se ama, o que se é bom fazendo, o que o mundo precisa e o que pode ser financeiramente viável. É uma filosofia de vida que promove a busca por propósito e satisfação.
3. Uketamo: este conceito, enraizado nas práticas dos monges Yamabushi, incorpora a ideia de aceitação. Sugere que, aceitando o bom e o mau com um coração aberto, pode-se alcançar um senso de liberdade e crescimento.
4. Kintsugi: a arte do kintsugi, onde objetos quebrados são reparados com ouro, ensina que há beleza na imperfeição e que a quebra pode ser uma fonte de orgulho e história, em vez de algo a ser escondido.
5. Gaman: refere-se à virtude de suportar o aparentemente insuportável com paciência e dignidade. Ele enfatiza a perseverança, o autocontrole e a resiliência diante da adversidade.
6. Kaizen: termo que significa "mudança para melhor" ou melhoria contínua. É uma filosofia empresarial que se concentra em fazer pequenas mudanças incrementais nos processos para melhorar a eficiência e a qualidade, envolvendo todos os funcionários no esforço.
7. Confucionismo: entrou no Japão vindo da China, teve uma profunda influência no pensamento japonês, particularmente nas áreas de ética, política e educação. Ele enfatiza a importância da harmonia nas relações sociais e o papel da educação e autodesenvolvimento na realização ética e política.
8. Budismo: originário da Índia e se espalhando para o Japão via Coreia e China, foi uma força filosófica importante. Contribuiu para o pensamento japonês com seu foco na impermanência, no sofrimento e no caminho para a iluminação. O budismo japonês evoluiu de forma distinta, influenciando vários aspectos da cultura e filosofia. Um dos principais ensinamentos do budismo explica que sofrimento é causado pelo desejo, sendo que este pode acabar através da conduta ética, a disciplina mental e a sabedoria.
A busca pela paz, equilíbrio e aceitação são características fundamentais na filosofia japonesa. |
Conclusão
A filosofia japonesa oferece uma maneira distinta de entender o mundo que está profundamente conectada ao seu contexto cultural. É uma filosofia vivida, um conhecimento engajado que permeia a vida cotidiana de seu povo. Através de sua integração de várias tradições e sua ênfase no envolvimento pessoal com a realidade, a filosofia japonesa fornece uma estrutura rica e matizada para entender a condição humana e o mundo ao nosso redor.
Exemplos de importantes filósofos japoneses da História:
- Nishida Kitaro (1870-1945)
- Suzuki Daisetsu Teitaro (1870-1966)
- Tanabe Hajime (1885-1962)
- Watsuji Tetsuro (1889-1960)
- Miki Kiyoshi (1897-1945)
Nishida Kitaro: filósofo moral e fundador da Escola de Filosofia de Kyoto. |
Você sabia?
- A entrada da filosofia ocidental durante a Restauração Meiji introduziu novas ideias e metodologias no pensamento japonês. Esse período viu a assimilação e adaptação de conceitos filosóficos ocidentais, que muitas vezes eram misturados com ideias japonesas tradicionais.
- A tradição indígena do xintoísmo, com seu foco em kami (espíritos) e rituais, também moldou a filosofia japonesa, particularmente em sua apreciação da natureza e da sacralidade da terra.
Publicado em 17/02/2024
Fonte de referência do artigo:
- MARCONDES, D. As correntes da filosofia oriental. In: Iniciação à história da filosofia. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2001.