Quem eram os bárbaros?
Os germânicos habitavam as regiões norte e nordeste da Europa e noroeste da Ásia, na época do Império Romano, e viveram em relativa harmonia com os romanos até o século IV de nossa era. Realizavam trocas e comércio com os romanos através das fronteiras e muitas vezes eram contratados para integrar o exército.
Por que eram chamados de bárbaros?
Os romanos usavam a palavra “bárbaro” para todos aqueles que habitavam fora das fronteiras do império e que não falavam sua língua oficial: o latim. A convivência pacífica entre eles durou até o século IV, quando uma horda de hunos pressionou outros povos bárbaros nas fronteiras do Império Romano. No século IV e no seguinte, ocorreram diversas invasões germânicas, muitas vezes violentas, que acabaram por derrubar o Império Romano do Ocidente. Além da chegada dos hunos, podemos citar como outros motivos que ocasionaram a invasão dos bárbaros a busca por riquezas, por solos férteis e climas agradáveis.
Os principais povos bárbaros eram:
• Alanos: originários do nordeste do Cáucaso. Entraram no Império Romano entre os séculos IV e V. Ocuparam a região da Hispânia e o norte da África.
• Anglos e saxões: originários do norte da atual Alemanha e leste da Holanda. Penetraram e colonizaram as Ilhas Britânicas no século V.
• Francos: estabeleceram-se na região da atual França e fundaram o Reino Franco.
• Frísios: povo do norte da Europa que invadiu a Grã-Bretanha no século V. Se juntaram aos anglo-saxões.
• Lombardos: invadiram a região norte da Península Itálica.
• Burgúndios: estabeleceram-se no sudoeste da França.
• Visigodos: instalaram-se na região da Gália, Itália e Península Ibérica.
• Suevos: invadiram e habitaram a Península Ibérica.
• Vândalos: estabeleceram-se no norte da África e na Península Ibérica.
• Ostrogodos: invadiram a região da atual Itália.
• Teutões: povos germânicos que viviam no centro e norte da Europa.
• Jutos: povos germânicos que habitavam a região da Germânia, além dos rios Reno e Danúbio, sendo parte de um conjunto de povos que residiam nessa área e possuíam alguma proximidade cultural.
• Celtas (bretões e gauleses): viveram na região norte da Europa Ocidental.
Arte Visigótica: exemplo da arquitetura bárbara na Península Ibérica. |
Economia e guerras
A maioria desses povos organizava-se em aldeias rurais, compostas por habitações rústicas feitas de barro e galhos de árvores. Praticavam o cultivo de cereais como o trigo, o feijão, a cevada e a ervilha. Criavam gado para obter o couro, a carne e o leite.
A economia destes povos também estava relacionada às guerras, voltadas para saquear riquezas e alimentos dos povos conquistados.
Nos momentos de batalhas importantes, escolhiam um guerreiro valente e forte e faziam dele seu líder militar.
Saque de Roma pelos Vândalos, no ano de 455. |
Características da religião dos bárbaros
Embora cada povo germânico possuísse suas crenças próprias, havia características religiosas em comum entre eles, tais como:
• Praticavam uma religião politeísta, pois adoravam deuses representantes das forças da natureza.
• Odin era a principal divindade e representava a força do vento e a guerra.
• Para eles, havia uma vida após a morte, e nela os bravos guerreiros mortos em batalhas poderiam desfrutar de um paraíso.
• Os bárbaros reverenciavam frequentemente os espíritos dos antepassados falecidos, enfatizando uma conexão com seu passado e herança.
As leis
Cada povo germânico tinha um conjunto de regras e leis específicos. As leis eram transmitidas de forma oral de geração para geração.
Contribuição germânica para a formação da cultura medieval
A mistura da cultura germânica com a romana formou grande parte da cultura medieval, pois muitos hábitos e aspectos políticos, artísticos e econômicos permaneceram os mesmos durante toda a Idade Média.
Vitral: arte medieval representando o rei franco Carlos Magno. |
Os Hunos: os mais temíveis entre os bárbaros
Dentre os povos bárbaros, os hunos foram os mais violentos e ávidos por guerras e pilhagens. Eles não eram germânicos, mas sim de origem euroasiática. Eram nômades (não tinham habitação fixa e viviam percorrendo campos e florestas) e excelentes criadores de cavalos. Como não construíam casas, viviam em suas carroças e em barracas, que armavam nos caminhos que percorriam. Sua principal fonte de renda era a prática do saque aos povos dominados, aos quais espalhavam o medo, pois eram extremamente violentos e cruéis. O principal líder deste povo foi Átila, responsável por diversas conquistas em guerras e batalhas.
Escudo usado pelos guerreiros lombardos. |
Durante muito tempo os germânicos viveram de forma pacífica nas fronteiras do Império Romano.
Os romanos chamavam os germânicos, depreciativamente, de povos bárbaros, porque eles não falavam o latim (língua oficial do império) e tinham costumes e culturas bem diferentes dos seus.
Nos últimos anos do século II, o Império Romano do Ocidente começou a sofrer as primeiras invasões de povos vindos inicialmente do interior da Europa e logo depois do continente asiático.
Já no século IV, a pressão demográfica começou a forçar os germânicos a ultrapassarem as fronteiras do império. Em busca de terras férteis e clima ameno, vários povos começaram a invadir os territórios romanos.
Os principais povos bárbaros que invadiram o império foram: vândalos, visigodos, francos, suevos, anglos, saxões, jutos, burgúndios, godos, hérulos, rúgios e alanos. Muitos desses povos fundaram reinos na Europa, que se desenvolveram durante a Idade Média.
Sem dúvida que houve muitas guerras e violência nesse processo. Mas os germânicos levaram a melhor, pois o Império Romano não estava mais tão preparado militarmente e enfrentava graves crises políticas internas.
Muitas cidades romanas foram destruídas, enquanto outras foram poupadas pelos germânicos, que absorveram muitos elementos da cultura latina e foram, aos poucos, se convertendo ao cristianismo.
Após esse processo de invasões bárbaras, finalizado no século V, teve início uma nova etapa na história da Europa: A Idade Média e a formação do feudalismo, unindo elementos culturais, sociais e políticos das duas culturas (latina e germânica).
Você sabia?
- O Império Romano do Ocidente caiu definitivamente quando o último imperador romano Rômulo Augusto, foi deposto pelos bárbaros hérulos no ano 476.
- Alguns historiadores denominam esse período histórico como “Migrações dos povos bárbaros”.
- Culturas germânicas na Europa central e setentrional, caracterizadas por estruturas tribais, facilitaram conversões em massa ao Cristianismo quando chefes tribais ou anciãos-chave abraçaram a nova religião.
Saque de Roma pelos Vândalos em 455. |
TEXTO COMPLEMENTAR: OS BURGÚNDIOS
Os burgúndios eram um antigo povo germânico, proveniente da Península da Escandinávia.
Os burgúndios se estabeleceram, no século IV, ao longo das margens do rio Reno. Formaram um reino neste local, cuja capital era Worms.
Atacados pelos hunos no século IV, os burgúndios se dividiram em dois grupos. Um grupo foi para a Espanha com os visigodos. Outro grupo obteve a permissão para se integrar, na condição de federados, do Império Romano, nas regiões da Gália e Germânia.
Após a queda do Império Romano, seguiu-se um período de expansão sob o reinado de Gundebaldo, no começo do século VI. Porém, em 534 foram dominados pelos francos, apesar de conseguirem manter certa autonomia política como reino da Burgúndia. Este reino existiu na região da atual Borgonha na França.
Os principais reis burgúndios foram: Godomário, Sigismundo, Gundebaldo, Godegisel, Chilperico e Gondicário.
Gundebaldo, rei dos burgúndios de 473 a 516. |
Por Jefferson Evandro Machado Ramos
Graduado em História pela Universidade de São Paulo - USP (1994).
Fontes de pesquisa consultadas para a elaboração do texto:
- PILETTI, Nelson. História e Vida Integrada. São Paulo: Editora Ática, 1998.
- VICENTINO, Cláudio. História Geral – volume único. São Paulo: Editora Scipione, 2011.
Vídeo indicado no YouTube:
- OS POVOS BÁRBAROS - POVOS GERMÂNICOS E A ORIGEM DO FEUDALISMO | Resumo de História para o Enem - Curso Enem Gratuito