Revolução Pernambucana de 1817

Conheça esse movimento revolucionário que contestou o poder centralizador da corte portuguesa


Domingos José Martins: um dos líderes da Revolução Pernambucana
Domingos José Martins: um dos líderes da Revolução Pernambucana


O que foi

 

A Revolução Pernambucana foi uma revolta de caráter republicano, emancipacionista, nativista e liberal, que ocorreu na província de Pernambuco em 1817.



Principais causas da Revolução Pernambucana:

 

A insatisfação da população de Pernambuco com os elevados gastou feitos no Rio de Janeiro (sede da corte), enquanto Pernambuco estava passando por grave crise em função da forte seca de 1816. Vale lembrar que a corte portuguesa estava instalada no Rio de Janeiro desde 1808 e Pernambuco tinha que enviar elevados valores (impostos e taxas arrecadados) para bancar a sede da corte. Apesar de ser uma província rica, Pernambuco ficava com poucos recursos.

 

Com pouco dinheiro em caixa, o governo da província de Pernambuco tinha poucos recursos para investir na região e pagar os salários dos funcionários públicos. Os soldados, por exemplo, estavam muito insatisfeitos com os frequentes atrasos salariais.

 

Influências dos ideais do liberalismo, que chegaram às camadas médias e altas da sociedade pernambucana, principalmente entre os maçons. Entre os ideais liberais, os que mais estavam presentes eram aqueles que defendiam a autonomia e criticavam o absolutismo e o centralismo político.

 

Ocupação de cargos públicos por portugueses, deixando os brasileiros de lado.

 

Grande insatisfação dos comerciantes pernambucanos e da elite agrária, que não aceitavam os elevados impostos e o controle exercido pela corte portuguesa sobre seus negócios.

 

Havia também em Pernambuco um forte sentimento de patriotismo na população, principalmente em Recife e Olinda. Além disso, o sentimento antilusitano também era significativo.

 

Como havia muita pobreza na região, as pessoas mais pobres também apoiaram e participaram do movimento.

 

Os comerciantes portugueses, que tinham privilégios concedidos pela corte, não participaram da revolta e ainda se colocaram contra.

 

Embora Pernambuco tenha sido o centro do movimento, ele se estendeu por outras províncias do Nordeste (Paraíba, Alagoas, Ceará e Rio Grande do Norte).

 

Pintura mostrando um padre benzendo a bandeira da Revolução Pernambucana

Benção das bandeiras da Revolução Pernambucana (pintura de Antônio Parreiras).

 

 

Principais líderes:

 

- Domingos José Martins – comerciante capixaba, que morara e tinha negócios em Pernambuco.

- Padre João Ribeiro – padre pernambucano.

- Vigário Tenório – religioso pernambucano.

- Domingos Teotônio Jorge – militar pernambucano.

- Frei Caneca – político e religioso católico.

- José de Barros Lima – militar pernambucano.

- José Luís de Mendonça – advogado pernambucano.

- Manuel Correia de Araújo – fazendeiro e senhor de engenho pernambucano.

 

 

Objetivos dos revolucionários:

 

- Independência do Brasil em relação a Portugal. Se não fosse possível, a libertação do Nordeste em relação à metrópole.

- Instalação no Brasil de uma república liberal.

- Criação de uma Constituição, que teria os ideais liberais como princípios básicos.

 

 

Como ocorreu a revolta:


Sob a liderança de comerciantes, militares, juízes e religiosos católicos, o movimento eclodiu em 6 de março de 1817, logo após o governador da província (pró D. João) mandar prender pessoas suspeitas de estarem planejando uma revolta.

Os líderes da revolta dominaram o Palácio do Governo e prenderam o governador pernambucano. Logo em seguida, criaram um governo provisório de caráter republicano. Decretaram a igualdade de direitos, a liberdade de imprensa, a tolerância de crenças e o fim dos impostos sobre os produtos de primeira necessidade (principalmente alimentos). Porém, a abolição da escravidão não foi decretada. Vale lembrar que muitos revoltosos eram ricos proprietários rurais e possuíam escravos.

 

Consequências, repressão e o fim da revolta:

 

Quando a notícia da revolta chegou ao Rio de Janeiro, Dom João VI resolveu responder rapidamente com o enviou de tropas para Pernambuco. Com apoio de comerciantes portugueses, os soldados foram para enfrentar os revoltosos, que bateram em retirada para o interior da província.

As tropas do governo ocuparam Recife e foram atrás dos revoltosos. Após dois meses de violentos combate, os revoltosos foram vencidos. Os líderes foram presos e muitos condenados à morte.

 

A repressão após a revolta prejudicou a economia de Pernambuco, que já estava em dificuldades devido a fatores como a queda nos preços do açúcar, principal produto de exportação da região.

 

A revolução também estabeleceu um precedente para futuras revoltas no Brasil, incluindo a Confederação do Equador em 1824, que foi fortemente influenciada pelos ideais da Revolução Pernambucana.


Conclusão:

 

Embora não tenha atingido seus objetivos, a Revolução Pernambucana teve grande importância na política brasileira do começo do século XIX. Foi um importante movimento de contestação às injustiças sociais, políticas e econômicas exercidas pelo governo de D. João, principalmente na região Nordeste. Simbolizou também a entrada dos ideais liberais e a luta pela liberdade no Brasil. Tanto que esse movimento é considerado, por muitos historiadores, como o embrião da Independência do Brasil, que se concretizou em 1822.


Curiosidades históricas:

 

- Como havia grande participação de sacerdotes católicos no movimento, a revolução ficou conhecida também como Revolução dos Padres.

 

- Os revolucionários tentaram obter apoio dos EUA, Reino Unido e até Argentina. Porém, não obtiveram sucesso.

Revoltosos tomando o Palácio do Governo de Pernambuco

Revoltosos tomando o Palácio do Governo de Pernambuco no início do movimento revolucionário.

 

 


 

Artigo publicado em: 29/07/2021 e atualizado em 07/01/2024


Por Jefferson Evandro Machado Ramos
Graduado em História pela Universidade de São Paulo - USP (1994).




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Bibliografia Indicada

 

A Revolução Nativista Pernambucana de 1817

Autor: Cahú, Major Sylvio de Mello

Editora: Bibliex

 

Fontes de referência do texto:

 

- BUENO, Eduardo. Brasil, uma História. São Paulo: Leya, 2018.


- FLORES, Moacyr. Dicionário de História do Brasil. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008.

 


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