Império Otomano

O Império Otomano ficou também conhecido como Império Turco e foi um dos maiores da História.


Bandeira do Império Otomano entre 1844 e 1922
Bandeira do Império Otomano entre 1844 e 1922

 

O que foi e duração


O Império Otomano, um vasto e duradouro reino, foi estabelecido por volta de 1299 e durou até 1922. Fundado por Osman I, um líder nas terras tribais turcas na Anatólia, expandiu-se para se tornar um dos impérios mais significativos da história, abrangendo mais de seis séculos.



Regiões que faziam parte do Império Otomano


No auge, o Império Otomano abrangia uma ampla gama de territórios. Incluía a atual Turquia, grande parte do Sudeste Europeu, partes da Europa Central, Ásia Ocidental, Cáucaso, Norte da África e Chifre da África. Regiões importantes sob seu controle incluíam Grécia, Egito, Síria, Iraque, Romênia, Hungria, Bulgária e partes da Península Arábica.



Economia


A economia otomana era diversa e complexa, caracterizada por uma mistura de agricultura tradicional, artesanato e um papel significativo nas redes de comércio global. Produtos-chave incluíam seda, algodão, lã e grãos. O império também era um centro central no comércio de especiarias entre a Europa e a Ásia. Com o tempo, sua economia enfrentou desafios devido a ineficiências internas, competição de potências europeias e o impacto da industrialização.



Religião


O Islã era a religião dominante no Império Otomano, com o Sultão frequentemente detendo o título de Califa, um líder religioso no Islã sunita. O império era conhecido por sua relativa tolerância religiosa. Cristãos e judeus, reconhecidos como "Povos do Livro" no Islã, eram autorizados a praticar suas religiões e tinham certos direitos autônomos, embora estivessem sujeitos a impostos extras e certas limitações legais.




Cultura


A cultura otomana era uma rica mistura de elementos das várias etnias e tradições dentro do império. Era particularmente notada por suas contribuições à arquitetura, culinária, música, literatura e artes. O estilo arquitetônico otomano é exemplificado por estruturas como a Mesquita Azul em Istambul. A culinária otomana, influenciada pelos sabores do Oriente Médio, Bálcãs e Ásia Central, enriqueceu as tradições culinárias da região.

 

Pintura de Osman I

Osman I: o fundador do Império Otomano

 

 

Governo e administração do império

 

O Império Otomano era governado por um sistema centralizado de administração sob a autoridade absoluta do Sultão. O Sultão era o governante supremo, tanto politicamente quanto religiosamente, frequentemente detendo o título de Califa nos séculos posteriores, tornando-o líder do mundo muçulmano sunita.



Estrutura Administrativa:


1. Governo Central: o governo central estava sediado na capital, inicialmente Bursa e depois Constantinopla (Istambul). O Sultão era auxiliado pelo Conselho Imperial (Divan), presidido pelo Grande Vizir. O Divan era composto por oficiais militares de alta patente, ministros e funcionários do estado que aconselhavam o Sultão e ajudavam na administração do império.


2. Administração Provincial: o império era dividido em províncias chamadas eialete, mais tarde vilaiete, governadas por Pashas ou Valis. Esses governadores eram responsáveis pela administração local, coleta de impostos e manutenção da ordem pública. Eles eram nomeados pelo Sultão e frequentemente rotacionados para evitar que acumulassem muito poder.


3. Sistema Legal: o sistema legal baseava-se na lei islâmica (Sharia) juntamente com o "Kanun", um conjunto de leis seculares promulgadas pelo Sultão. Comunidades religiosas tinham um grau de autonomia, onde podiam se governar de acordo com suas leis religiosas em questões que não afetassem o estado.


4. Administração Militar: era uma parte crucial da administração otomana. Os Janízaros, um corpo militar de elite de unidades de infantaria, formavam a espinha dorsal das forças militares otomanas. Inicialmente compostos por jovens cristãos convertidos ao Islã e treinados como soldados, eles se tornaram uma força política poderosa dentro do império.


5. Burocracia e Meritocracia: a burocracia otomana era extensa e complexa. Era um tanto meritocrática, como demonstrado pelo sistema Devshirme, onde meninos cristãos eram recrutados, convertidos ao Islã e treinados para funções administrativas e militares. Esse sistema permitia mobilidade ascendente baseada na habilidade, algo incomum para a época.


6. Tributação e Receita: a receita do império vinha principalmente de impostos. Havia várias formas de tributação, incluindo um imposto sobre a terra, um imposto pessoal sobre não-muçulmanos (Jizya) e direitos aduaneiros. A arrecadação de impostos por terceiros, onde indivíduos licitavam o direito de coletar impostos em uma região, também era comum.

 

Sultão Mehmed entrando em Constantinopla com seu exército

Entrada do sultão Mehmed em Constantinopla em 1453.



Crise e fim do Império Otomano


O declínio do Império Otomano foi um processo gradual influenciado por conflitos internos, derrotas militares e o crescente nacionalismo de seus diversos súditos. O envolvimento do império na Primeira Guerra Mundial ao lado das Potências Centrais acelerou sua queda. Após a guerra, o império foi partilhado pelas potências aliadas vitoriosas. O golpe final foi a Guerra de Independência Turca liderada por Mustafa Kemal Atatürk, resultando no estabelecimento da moderna República da Turquia em 1923, marcando oficialmente o fim do Império Otomano.

 

 

 


 

Publicado em 12/01/2024

Por Jefferson Evandro M. Ramos (historiador formado pela USP)




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Referência do artigo:

 

KINROSS, Lord. O Império Otomano. Tradução de Donaldson M. Garschagen. São Paulo: Folha de S.Paulo, 2012.


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