Contexto histórico
A Guerra do Paraguai teve seu início no ano de 1864, a partir da ambição do ditador paraguaio, Francisco Solano Lopes. Ele tinha como objetivo principal aumentar o território do seu país e, assim, obter uma saída para o Oceano Atlântico, através dos rios da Bacia do Prata. Ele iniciou o confronto com a criação de inúmeros obstáculos impostos às embarcações brasileiras, que se dirigiam ao Mato Grosso através da capital paraguaia.
Os principais motivos da Guerra do Paraguai foram:
- Visando a província de Mato Grosso, o ditador paraguaio aproveitou-se da fraca defesa brasileira naquela região, para invadi-la e conquistá-la. Fez isso sem grandes dificuldades e, após esta batalha, sentiu-se motivado a dar continuidade à expansão do Paraguai através do território que pertencia ao Brasil.
- O próximo alvo paraguaio foi o Rio Grande do Sul. Mas, para atingi-lo, necessitava passar pela Argentina. Então, Solano invadiu e tomou Corrientes, província Argentina que, naquela época, era governada por Mitre.
- Em resumo, a principal causa da Guerra do Paraguai foi a política expansionista paraguaia, materializada nas invasões realizadas por Solano López, para que o país conseguisse um acesso ao oceano.
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Passagem de Humaitá (1868): esquadra brasileira forçando, pelo rio Paraguai, a travessia sob bombardeio paraguaio. |
Reação da Tríplice Aliança
Decididos a acabar com as ameaças e o domínio do ditador Solano Lopes, Argentina, Brasil e Uruguai uniram suas forças em 1° de maio de 1865, através do acordo conhecido como Tríplice Aliança. A partir daí, os três países lutaram juntos para deter o Paraguai, que foi vencido na batalha naval de Riachuelo e também na luta de Uruguaiana.
Batalhas e liderança de Duque de Caxias
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Duque de Caxias: um dos líderes brasileiros no combate e patrono do exército brasileiro. |
Esta guerra durou seis anos; contudo. Contudo, já no terceiro ano, o Brasil viu-se em grande dificuldade no que se refere a organização das suas tropas, pois além do inimigo, os soldados brasileiros tinham que lutar contra a falta de alimentos, de comunicação e ainda contra as epidemias de várias doenças contagiosas. Diante deste quadro, Caxias foi chamado para liderar o exército brasileiro. Sob seu comando, a tropa foi reorganizada e conquistou inúmeras vitórias até chegar a Assunção, no ano de 1869. Apesar de seu grande êxito, a última batalha foi liderada pelo Conde D`Eu (genro de D. Pedro II). Por fim, no ano de 1870, a guerra chegou ao seu final com a morte de Francisco Solano Lopes em Cerro Cora.
A participação da Inglaterra no conflito
Antes da guerra, o Paraguai era uma potência econômica na América do Sul. Além disso, era um país independente das nações europeias. Para a Inglaterra, este país era um exemplo que não deveria ser seguido pelos demais países latino-americanos, que eram totalmente dependentes do império inglês. Foi por isso, que os ingleses ficaram ao lado dos países da Tríplice Aliança, emprestando dinheiro e oferecendo apoio militar. Era interessante para a Inglaterra enfraquecer e eliminar um exemplo de sucesso e independência na América Latina.
As principais consequências da Guerra do Paraguai foram:
- A indústria paraguaia ficou arrasada após a guerra. O Paraguai nunca mais voltou a ser um país com um bom índice de desenvolvimento industrial e econômico. Pelo contrário, passa até hoje por dificuldades políticas e econômicas.
- Cerca de 70% da população paraguaia morreu durante o conflito, sendo que a maioria dos mortos eram homens.
- Embora tenha saído vitorioso, o Brasil também sofreu grandes prejuízos financeiros com o conflito. Os elevados gastos da guerra foram custeados com empréstimos estrangeiros, fazendo com que aumentasse a dívida externa brasileira e sua dependência em relação a países ricos como, por exemplo, a Inglaterra.
- Com a guerra, o Exército brasileiro ficou fortalecido no aspecto bélico, pois ganhou experiência e passou por um processo de modernização. Houve também um importante aumento de sua relevância institucional. Do ponto de vista político, o Exército brasileiro também saiu fortalecido e passou a ser uma importante força no cenário político nacional.
Curiosidades históricas:
- A Tríplice Aliança teve a participação de 235,5 mil soldados. Já o Paraguai contou com 150 mil soldados.
- Na Guerra do Paraguai, morreram, entre civis e militares, cerca de 300 mil paraguaios, 100 mil brasileiros, 30 mil argentinos e 10 mil uruguaios.
- A Guerra do Paraguai foi o maior conflito armado da América do Sul.
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Batalha de Avaí (obra de Pedro Américo, 1872 a 1879). |
Batalha do Riachuelo
Período: 11 de junho de 1865.
Local: Província de Corrientes (Argentina) às margens do Rio Riachuelo (afluente do rio Paraná).
Forças envolvidas: 2.970 soldados paraguaios x 2.460 soldados brasileiros
Vencedor: Tríplice Aliança
Batalha de Estero Bellaco
Data: 2 de maio de 1866.
Local: Paraguai
Forças envolvidas: 6 mil soldados do Paraguai x 5 batalhões de infantaria e uma bateria de artilharia da Tríplice Aliança.
Vencedor: Tríplice Aliança
Batalha de Tuiuti
Período: 24 de maio de 1866.
Local: margens do lago Tuiuti (sul do Paraguai)
Comandante brasileiro: General Osório
Forças envolvidas: 23 mil soldados paraguaios x 35 mil soldados aliados
Vencedor: Tríplice Aliança
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Primeira Batalha de Tuiuti |
Batalha de Abay
Data: 11 de dezembro de 1868.
Local: Arroyo Avay (próximo a Assunção no Paraguai)
Forças envolvidas: 5.600 soldados paraguaios x 18.900 soldados brasileiros.
Vencedor: Tríplice Aliança
Batalha de Lomas Valentinas (Dezembrada)
Período: 21 a 27 de dezembro de 1868.
Local: Itá Ybaté (Paraguai)
Forças envolvidas: 17.500 soldados paraguaios x 21.140 soldados aliados.
Vencedor: Tríplice Aliança
Batalha de Cerro Corá
Período: 1 de março de 1870
Local: Cerro Corá (Paraguai)
Forças envolvidas: 250 soldados paraguaios x 4,5 mil soldados aliados.
Vencedor: Tríplice Aliança
atualizado em 14/05/2021
Autor: Professor Jefferson Evandro Machado Ramos
Graduado em História pela Universidade de São Paulo - USP (1994).
Fontes de referência do texto:
CERQUEIRA, Dionísio. Reminiscências da campanha do Paraguai, 1865-1870. Rio de Janeiro, Biblioteca do Exército Editora, 1980
MAGNOLI, Demétrio - História da Guerras, Editora Contexto, São Paulo, 2009.