Quem foi
Luís José Junqueira Freire (nome completo) foi um monge católico e poeta baiano do século XIX. É considerado um importante representante da Segunda Geração do Romantismo (Ultraromantismo) na Literatura Brasileira.
Biografia resumida:
- Junqueira Freire nasceu na cidade de Salvador (Bahia), em 31 de dezembro de 1832.
- Teve uma infância com sucesso escolar, porém com problemas de saúde (doença cardiovascular). Desde cedo, apresentou grande interesse pela poesia, pois tinha muito talento e vocação para a produção literária.
- Aos 19 anos, seus pais o colocaram no Mosteiro de São Bento. Porém, Junqueira Freire viveu muito triste e revoltado neste local, pois não era o caminho que desejava para sua vida. Por outro lado, o isolamento e a tranquilidade da vida monástica deram-lhe condições para ler muito e produzir suas poesias. Também trabalhou como professor no mosteiro.
- Em 1853, solicitou sua secularização. Foi para casa e produziu sua autobiografia e uma coleção de versos.
- Faleceu de problemas cardíacos, em Salvador, aos 22 anos, em 24 de junho de 1855.
Principais características do seu estilo literário:
- Poesias marcadas por profunda tristeza, pessimismo, melancolia e desesperança. Egocentrismo e subjetivismo também são características de suas poesias, assim como o desejo pela vida com os prazeres do mundo.
- Suas poesias tratam, principalmente, de temas religiosos (ligados ao cristianismo) e amorosos. Porém, também aparecem em seus textos, questões filosóficas, populares e de caráter social.
- Sua obra reflete várias experiências que teve no mosteiro e nas conflituosas relações familiares. Portanto, a autobiografia é um dos principais aspectos de sua obra.
- Suas poesias também apresentam características do estilo neoclássico.
Principais obras de Junqueira Freire:
- Inspirações do claustro, 1855.
- Elementos de retórica nacional, 1869.
- Obras, edição crítica por Roberto Alvim Corrêa, 3 vols., 1944.
- Desespero da Solidão (1976) - poemas escolhidos
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Capa do livro Desespero da Solidão (1976) - seleção de poemas de Junqueira Freire |
Você sabia?
Junqueira Freire é o patrono da cadeira número 25 da Academia Brasileira de Letras.
Trechos de algumas de suas poesias:
O JESUÍTA
“Era longe — bem longe: e eu vim primeiro
Cindindo as ondas desse mar profundo.
E por amor da Cruz vaguei sozinho
Nas ínvias matas desse novo mundo.
O tamoio gentil ervava as setas,
Quando pelos vergéis, tão seus, me via:
E co'os olhos fosfóricos ardendo
A taquara fatal a mim tendia”.
MORTE
(Hora de Delírio)
"Pensamento gentil de paz eterna,
Amiga morte, vem. Tu és o termo
De dous fantasmas que a exigência formam,
— Dessa alma vã e desse corpo enfermo.
Pensamento gentil de paz eterna,
Amiga morte, vem. Tu és o nada,
Tu és a ausência das moções da vida,
Do prazer que nos custa a dor passada.
Pensamento gentil de paz eterna,
Amiga morte, vem. Tu és apenas
A visão mais real das que nos cercam,
Que nos extingues as visões terrenas".
Artigo publicado em 06/11/2019 e atualizado em 25/06/2022
Por Elaine Barbosa de Souza
Graduada em Letras (Português e Inglês) pela FMU (2002).
Em torno da vida de Junqueira Freire
Autor: Castro, Renato Berbert de
Editora: Funceb