Revolta da Chibata

A Revolta da Chibata foi um motim de marinheiros brasileiros que ocorreu no Rio de Janeiro em 1910.


João Cândido ao centro (Almirante Negro): líder da revolta
João Cândido ao centro (Almirante Negro): líder da revolta

 

O que foi

 

A Revolta da Chibata foi um importante movimento de motim naval, ocorrido no início do século XX, na cidade do Rio de Janeiro. Começou no dia 22 de novembro de 1910. 



As principais causas da Revolta da Chibata foram:

 

• Neste período, os marinheiros brasileiros eram punidos com castigos físicos. As faltas graves eram punidas com 25 chibatadas (chicotadas). Esta situação gerou uma intensa revolta entre os marinheiros.

 

• A Marinha brasileira, como muitas outras instituições do país naquela época, era marcada por profundas desigualdades raciais e de classe. Os oficiais eram predominantemente brancos e de classes sociais mais altas, enquanto a maioria dos marinheiros era de negros ou mestiços, oriundos de classes sociais mais baixas. Essa disparidade alimentava um ambiente de tensão e ressentimento.

 

• Além dos castigos físicos, os marinheiros também enfrentavam condições de trabalho extremamente duras, com longas jornadas, alojamentos inadequados e alimentação de baixa qualidade.

 

• Influenciados pelos avanços sociais e condições de trabalho mais humanas observadas em marinhas de países mais desenvolvidos (principalmente países da Europa e EUA), os marinheiros brasileiros começaram a questionar por que não poderiam ter tratamento similar.

 

• O estopim da revolta ocorreu quando o marinheiro Marcelino Rodrigues foi castigado com 250 chibatadas, por ter ferido um colega da Marinha, dentro do encouraçado Minas Gerais. O navio de guerra estava indo para o Rio de Janeiro e a punição, que ocorreu na presença dos outros marinheiros, desencadeou a revolta. 

 

Como foi

 

O motim se agravou e os revoltosos chegaram a matar o comandante do navio e mais três oficiais. Já na Baia da Guanabara, os revoltosos conseguiram o apoio dos marinheiros do encouraçado São Paulo. O clima ficou tenso e perigoso.


Principais reivindicações dos marinheiros

 

O líder da revolta, João Cândido (conhecido como o Almirante Negro), redigiu a carta reivindicando o fim dos castigos físicos, melhorias na alimentação e anistia para todos que participaram da revolta. Caso não fossem cumpridas as reivindicações, os revoltosos ameaçavam bombardear a cidade do Rio de Janeiro (então capital do Brasil).

 

Marinheiros e um navio tomado durante a Revolta da Chibata

Marinheiros assumiram navios da Marinha durante a Revolta da Chibata.



Segunda revolta

 

Diante da grave situação, o presidente Hermes da Fonseca resolveu aceitar o ultimato dos revoltosos. Porém, após os marinheiros terem entregues as armas e embarcações, o presidente solicitou a expulsão de alguns revoltosos. A insatisfação retornou e, no começo de dezembro, os marinheiros fizeram outra revolta na Ilha das Cobras.


As principais consequências foram:

 

• A segunda revolta foi fortemente reprimida pelo governo, sendo que vários marinheiros foram presos em celas subterrâneas da Fortaleza da Ilha das Cobras. Neste local, onde as condições de vida eram desumanas, alguns prisioneiros faleceram. Outros revoltosos presos foram enviados para a Amazônia, onde deveriam prestar trabalhos forçados na produção de borracha.

 

• O líder da revolta João Cândido foi expulso da Marinha e internado como louco no Hospital de Alienados. No ano de 1912, foi absolvido das acusações junto com outros marinheiros que participaram da revolta.

 

• Após o motim, a Marinha Brasileira parou de usar castigos físicos para punir os marinheiros.

 

João Cândido lendo o manifesto ao lado de um marinheiro

João Cândido, líder do movimento (a direita) lendo o manifesto ao lado de um marinheiro.




Conclusão

 

Podemos considerar a Revolta da Chibata como mais uma manifestação de insatisfação ocorrida no início da República. Embora pretendessem implantar um sistema político-econômico moderno no país, os republicanos trataram os problemas sociais como “casos de polícia”. Não havia negociação ou busca de soluções com entendimento. O governo quase sempre usou a força das armas para colocar fim às revoltas, greves e outras manifestações populares.

 

 



Atualizado em 21/11/2023

Autor: Professor Jefferson Evandro Machado Ramos
Graduado em História pela Universidade de São Paulo - USP (1994).




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Bibliografia Indicada

 

Revolta da Chibata (Rio de Janeiro 1910)

Autor: Roland, Maria Inês de França

Editora: Saraiva

 


Fontes de referência do texto:

 

Martins Filho, João Roberto. A marinha brasileira na era dos encouraçados, 1895–1910. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2010.

 

CARONE, Edgard. A Primeira República (1889-1930): texto e contexto. São Paulo: Difel, 1969.


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